As forças pró-regime sírio entraram hoje no enclave curdo de Afrine (noroeste da Síria) e desencadearam uma reação das tropas turcas envolvidas desde janeiro passado naquela zona numa ofensiva contra uma milícia curda.
Na segunda-feira, a agência oficial síria SANA já tinha avançado que forças pró-regime de Damasco “iam juntar-se à resistência contra a agressão turca”.
“Forças populares entraram no distrito de Afrine”, confirmou também hoje Rojhad Rojava, um responsável da defesa curda.
A televisão estatal síria mostrou imagens em que se podiam ver cerca de 20 veículos equipados com metralhadoras pesadas a entrar em Afrine a partir da localidade vizinha de Nubul. Dentro dos veículos, combatentes exibiam bandeiras da Síria e entoavam frases de apoio ao regime de Damasco.
Este destacamento surge no âmbito de um acordo entre o governo liderado pelo Presidente sírio, Bashar al-Assad, e a principal milícia curda na Síria, Unidades de Proteção Popular (YPG).
Desde dia 20 de janeiro, a Turquia e fações opositoras sírias pró-Ancara levam a cabo uma ofensiva terrestre e aérea em Afrine (província de Alepo), zona controlada pela milícia curda YPG. Ancara acusa o YPG de ser o ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado uma organização terrorista pela Turquia.
Momentos depois das movimentações dos combatentes pró-regime, o canal estatal sírio noticiava que as tropas turcas tinham começado a bombardear a zona de entrada do enclave curdo.
A Turquia advertiu Damasco na segunda-feira, através do ministro dos Negócios Estrangeiros (Mevlut Cavusoglu), face uma eventual intervenção das forças pró-governamentais para apoiar o YPG, afirmando que tal ação não iria impedir Ancara de prosseguir com a ofensiva em Afrine.
Em 2012, após a retirada das forças pró-regime sírio, Afrine tornou-se na primeira zona curda na Síria livre do controlo do poder central.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350.000 mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.