As Forças governamentais moçambicanas abateram 41 "insurgentes" entre 28 e 30 de março, na sequência dos confrontos que se seguiram ao ataque rebelde do dia 24 à vila de Palma, disse hoje à Lusa um porta-voz militar.
Chongo Vidigal, porta-voz das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) no Teatro Operacional Norte, avançou que 37 combatentes do grupo armado que atacou Palma foram contabilizados em vários pontos da vila e quatro foram encontrados há quatro dias numa vala comum, em ações de busca e perseguição aos insurgentes.
"Uma mão mal enterrada de um cadáver chamou-nos a atenção para a existência de uma vala comum onde os terroristas enterraram os seus comparsas, por não os terem conseguido levar consigo durante a fuga, como normalmente o fazem, para não deixarem pistas de baixas", afirmou Vidigal.
Na mesma vala comum, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas descobriram armas enterradas na posse dos "terroristas mortos", acrescentou.
O porta-voz das FADM no Teatro Operacional Norte adiantou que 150 jovens foram raptados pelos "terroristas" durante a sua incursão a Palma, tendo três conseguido escapar dos raptores.
"Tememos que tantos outros podem ter sido executados por terem resistido juntar-se aos terroristas, em função dos testemunhos que nos chegaram dos três jovens que conseguiram fugir", declarou Chongo Vidigal.
Vidigal reiterou as garantias que já deu várias vezes à comunicação social de que Palma está totalmente recuperada pelas forças governamentais e que decorrem operações de perseguição aos grupos armados que aterrorizam a província de Cabo Delgado há mais de três anos.
"A vila de Palma está sob domínio efetivo das nossas forças e a vida tende a voltar à normalidade, apesar de isso estar a acontecer timidamente", frisou o porta-voz.
O regresso tímido da população também se deve ao facto de as estruturas administrativas de Palma ainda não terem voltado e assumido as suas funções.
"Ainda não temos cá o administrador e os diretores distritais e, por isso, a população está a voltar timidamente, mas atividades como o comércio já foram retomadas", acrescentou.
O ataque de 24 de março a Palma representou a subida da escalada de violência que vem sendo protagonizada por grupos armados na província de Cabo Delgado, porque foi a primeira vez que a vila foi atingida, a cerca de seis quilómetros do complexo em construção para a produção de gás natural pelas multinacionais petrolíferas.
Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, segundo as Nações Unidas, desde o início do conflito em 2017, e que provocou a morte de mais de 2.500 mortos, segundo contabilidade feita pela Lusa.