Milhares de pessoas saíram às ruas de Buenos Aires esta quarta-feira, naquele que foi o primeiro protesto desde a eleição de Javier Milei, há um mês. Os manifestantes contestam as políticas para desregulamentar a economia da Argentina, apresentadas pelo novo presidente do país.
Moradores de vários bairros da capital da Argentina protestaram, na quarta-feira à noite, contra a reforma económica, que prevê a revisão ou revogação de 300 normas.
A reforma, anunciada por Milei num discurso transmitido em direto pela rádio e televisão argentinas, prevê a privatização de todas as empresas estatais, através da revogação do regime das empresas estatais e dos regulamentos que impedem a privatização de empresas públicas.
O plano do economista ultraliberal inclui também as leis sobre a habitação, "para que o mercado imobiliário volte a funcionar bem e para que o arrendamento não seja uma odisseia".
O economista anunciou ainda a "modernização da legislação laboral para facilitar o processo de criação de empregos autênticos", a modificação da lei das empresas para que os clubes de futebol se possam transformar em sociedades anónimas, e uma longa série de outras medidas nos setores do turismo, internet via satélite, farmácia, vitivinicultura e comércio internacional.
"Fora Milei"
"Fora Milei!", gritaram os manifestantes nas ruas de Buenos Aires, onde o então candidato do partido de extrema-direita La Libertad Avanza (`A Liberdade Avança`) venceu em novembro, por quase 12 pontos percentuais, o rival Sergio Massa, então ministro da Economia.
A marcha, liderada por grupos que representam os desempregados, foi convocada apesar dos avisos do presidente argentino, que prometeu ações duras contra quaisquer grupos que tentem derrubar os seus planos com protestos. Inês Martins - Antena 1
Na segunda-feira, Javier Milei alertou que quem ocupasse ou bloqueasse ruas deixaria de receber assistência social, num momento em que quatro em cada dez famílias argentinas vivem abaixo da linha da pobreza.
Milei, eleito presidente da Argentina há um mês, já tinha anunciado a 12 de dezembro uma primeira série de medidas de austeridade, incluindo uma desvalorização de mais de 50% do peso argentino e a redução, a partir de janeiro, dos subsídios aos transportes e à energia.
O objetivo do plano é "desmantelar a enorme quantidade de regulamentações que impediram, dificultaram e detiveram o crescimento económico" da Argentina, disse Milei.
O presidente prometeu lançar "as bases para a reconstrução da economia argentina e restaurar a liberdade e a autonomia aos indivíduos, tirando-lhes o Estado de cima".
Milei anunciou também que nos próximos dias "serão convocadas sessões extraordinárias" no Congresso Nacional e "será enviado um pacote de leis para acompanhar essas reformas e avançar no processo de mudança".
c/agências