Fontes australianas referem preparativos dos EUA para bombardear o Irão

por RTP
Donald Trump com o primeiro-ministro australiano em maio de 2017 Jonathan Ernst, Reuters

Fontes altamente colocadas do Governo australiano referiram que os serviços de informações australianos estão a colaborar com os EUA para identificar alvos iranianos que deverão ser bombardeados já no próximo mês. O Governo de Camberra desmentiu, mas a notícia surge num momento de tensões crescentes na região.

Segundo a plataforma digital australiana ABC, altos responsáveis do Governo consideram iminente, já para o próximo mês, um bombardeamento norte-americano contra instalações nucleares iranianas. Na preparação do ataque estariam a colaborar os serviços de informações australianos e britânicos.

O primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, comentou a notícia afirmando que não tem razões para pensar que estejam a ser feitos preparativos concretos para uma acção desse tipo ou que os EUA estejam a preparar um confronto militar.

Segundo Turnbull, "o presidente Trump deixou os seus pontos de vista muito claros perante todo o mundo, mas esta história ... não foi objecto de qualquer consulta comigo, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, com o ministro da Defesa ou com o chefe da Força de Defesa". Turnbull tinha dito recentemente que não encara da mesma forma que Trump o acordo nuclear alcançado com o Irão durante a presidência de Barack Obama

Uma fonte dos serviços de informações austarlianos igualmente citada por aquela plataforma digital introduziu na discussão um matiz mais subtil, lembrando que "desenvolver uma imagem é muito diferente de participar efectivamente num ataque". E explicou que "fornecer inteligência e compreender o que está a suceder no terreno, para o Governo e os governos aliados estarem plenamente informados e tomarem as suas decisões é diferente de atacar alvos activamente"

Aquilo que aqui se refere como fornecimento de inteligência seria o conjunto de informações a recolher pela instalação conhecida como "Cinco olhos", situada no nordeste da Austrália, gerida conjuntamente pela própria Austrália, EUA, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia, e destinada a orientar os satélites-espiões.
Planos de acção para manter aberto o Estreito de Ormuz
Entretanto, segundo o jornal israelita Jerusalem Post, os Estados Unidos estão a ponderar opções militares que permitam manter aberto o Estreito de Ormuz. O Estreito é a única passagem do Golfo Pérsico para o Oceano Índico e o seu encerramento poderia afectar dramaticamente o tráfego do petróleo a nível mundial.

Os receios sobre um possível bloqueio do Estreito agravaram-se desde os ataques de forças iemenitas hutsis, pró-iranianas, contra dois petroleiros sauditas. O secretário norte-americano da Defesa, James N. Mattis, disse ontem numa conferência de imprensa no Pentágono que "o Irão ameaçou fechar o Estreito de Ormuz", e sugerindo que os países mais directamente afectados poderão fazer exercícios navais na região, com um propósito dissuasório.
A "NATO árabe" contra o Irão
Neste contexto, os Estados Unidos procuram pôr de pé aquilo um projecto inicialmente apresentado pelos sauditas e que vai sendo conhecido como o de uma "NATO árabe", a MESA (Middle East Strategic AllianceMeanwhile), composta por seis Estados: as monarquias do Golfo, o Egipto e a Jordânia.

Segundo um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA citado pelo diário israelita Times of Israel, a "MESA vai servir como baluarte contra a agressão iraniana, o terrorismo, o extremismo, e trará estabilidade ao Médio Oriente".

A agência Reuters admitiu que a aliança pudesse tomar forma numa cimeira a realizar em outubro, em Washington, mas não houve até agora confirmação oficial norte-americana. Outra dificuldade para a concretização da cimeira residiria no conflito que continua a opor a monarquia saudita à monarquia qatari.
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