Finlândia deve pedir adesão à NATO "sem demoras", defendem o presidente e primeira-ministra do país
Numa declaração conjunta esta quinta-feira, a primeira-ministra Sanna Marin e o presidente Sauli Niinisto, defendem que a Finlândia deve apresentar o pedido de adesão à Aliança Atlântica.
"A Finlândia deve solicitar a adesão à NATO sem demoras", defendem os dois governantes finlandeses.
O país partilha uma fronteira de quase 1.300 quilómetros com a Rússia e manteve durante várias décadas da Guerra Fria uma posição de não-alinhamento e neutralidade militar como estratégia para evitar conflitos.
No entanto, os últimos meses de guerra na Ucrânia mudaram radicalmente o posicionamento de Helsínquia e o apoio finlandês na adesão à NATO atingiu números recorde nos últimos meses.
No entanto, os últimos meses de guerra na Ucrânia mudaram radicalmente o posicionamento de Helsínquia e o apoio finlandês na adesão à NATO atingiu números recorde nos últimos meses.
A última sondagem da estação pública finlandesa, a YLE, apontava para uma posição favorável sobre a adesão à NATO por parte de 76 por cento dos finlandeses. Apenas 12 por cento afirmaram estar contra a adesão.
"Esperamos que as medidas nacionais que ainda são necessárias para se chegar a uma decisão sejam tomadas rapidamente nos próximos dias", dizem a primeira-ministra e o presidente finlandês.
De acordo com os dois governantes, a decisão do país sobre a adesão à organização será anunciada no próximo domingo, dia em que haverá uma reunião da Comissão de Política Externa e Segurança.
Seguir-se-à a discussão do tema no Parlamento, sendo que o pedido de adesão poderá ser entregue já na próxima semana.
Na quarta-feira, o Comité de Defesa do Parlamento finlandês concluiu que a adesão à NATO é "a melhor opção" para a segurança da Finlândia, no contexto da invasão russa da Ucrânia.
"Se a Finlândia se candidatar, a adesão (...) fortalecerá a segurança e a estabilidade na região do Mar Báltico e no norte da Europa. Estamos convencidos de que a Finlândia acrescentaria valor à NATO", argumentam a primeira-ministra e o presidente.
Antes de anunciar o posicionamento em relação à adesão, o presidente da Finlândia argumentava na quarta-feira que a adesão à NATO "não seria contra ninguém", numa referência às ameaças de Moscovo perante a eventual adesão finlandesa à Aliança Atlântica.
Em declarações no Parlamento Europeu na comissão de Assuntos Externos, o ministro finlandês dos Negócios Estrangeiros, Pekka Haavisto, considerou que Helsínquia dará "valor acrescentado à NATO" em caso de adesão.
Pekka Haavisto salientou ainda que a organização ficará fortalecida com este novo aliado, lembrando que o exército finlandês tem 280 mil forças e 900 mil reservistas, pelo que "reforçará a segurança e a estabilidade na região do mar Báltico e do norte da Europa", argumenta.
Suécia também prepara decisão sobre adesão
Tal como a Finlândia, também a Suécia deverá anunciar em breve a candidatura à NATO. De acordo com o jornal Expressen, o Parlamento irá debater a situação de segurança na próxima segunda-feira, dia 16.
No mesmo dia, a primeira-ministra sueca irá convocar o executivo para uma reunião extraordinária onde será tomada uma decisão formal sobre o tema, adianta o diário sueco.
Na reação à declaração conjunta em Helsínquia, o ministro sueco dos Negócios Estrangeiros disse esta quinta-feira que o país deverá agora "ter em conta" a avaliação dos vizinhos.
"A Finlândia é o parceiro de segurança e defesa mais próximo da Suécia, por isso temos de ter em conta a avaliação feita pela Finlândia", declarou a MNE sueca, Ann Linde, no Twitter.
Important message today from 🇫🇮 President @niinisto & PM @MarinSanna on @NATO membership. 🇫🇮 is 🇸🇪 closest security & defence partner, and we need to take 🇫🇮 assessments into account. 🇸🇪 will decide after the report from the security policy consultations has been presented.
— Ann Linde (@AnnLinde) May 12, 2022
Também a Suécia manteve uma posição de neutralidade e
não-alinhamento durante a Guerra Fria, com histórico de uma posição
pública contra a adesão do país à NATO. Mas tal como na Finlândia, a
recente invasão russa da Ucrânia veio revolucionar a forma como grande
parte da população sueca olha para a Aliança.
Do ponto de vista de Helsínquia e Estocolmo, o principal motivo para apresentar o pedido de adesão é a possibilidade de vir a beneficiar do Artigo 5.º do Tratado da Aliança Atlântica, que assegura a proteção mútua entre os Estados membros. Desta forma, ambos os países beneficiariam do poder de dissuasão nuclear da NATO.
Em declarações aos jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondia de forma ambígua à possível adesão dos dos países. "Tudo o que estiver relacionado com ações que possam alterar, de uma forma ou de outra, a configuração da Aliança perto das nossas fronteiras, será acompanhado da forma mais atenta", afirmou.