Filho de Trump visita Gronelândia após pai ter manifestado interesse em comprar ilha

por Inês Moreira Santos - RTP
Emil Stach - EPA

Donald Trump Jr está de visita à Gronelândia, um dia depois de o pai, o presidente eleito dos Estados Unidos, ter voltado a insistir que os Estados Unidos deviam assumir o controlo da ilha do Ártico. O filho mais velho de Donald Trump está no território autónomo da Dinamarca numa visita privada, com o objetivo de "conversar com as pessoas" mas sem qualquer compromisso oficial agendado.

Horas depois de o primeiro-ministro canadiano ter anunciado a demissão, na segunda-feira, o presidente eleito dos EUA sugeriu que o Canadá devia tornar-se um Estado norte-americano e reforçou também a ideia de adquirir a Gronelândia: "Estou a ouvir que o povo da Gronelândia é 'MAGA'.

“O meu filho, Don Jr, e vários representantes vão viajar até lá para visitar alguns dos locais e vistas mais impressionantes. A Gronelândia é um lugar incrível e as pessoas vão beneficiar se se tornar parte da nossa nação”, escreveu o presidente eleito, na sua rede social ‘Truth Social’, terminando com a frase: “Tornar a Gronelândia grande novamente.”



“Tomámos conhecimento da visita planeada de Donald Trump Jr. à Gronelândia. Como não se trata de uma visita oficial norte-americana, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca não tem mais comentários a fazer sobre a visita”, afirmou o Ministério dinamarquês dos Negócios estrangeiros, na segunda-feira.

Em dezembro passado, Trump afirmou que “para efeitos de segurança nacional e liberdade em todo o mundo, os Estados Unidos da América consideram que a posse e o controlo da Gronelândia são uma necessidade absoluta”.

O governo autónomo da ilha respondeu que o território não estava à venda.

O primogénito de Trump declarou, antes de embarcar no jato privado do pai, no próprio podcast que não vai “comprar a Gronelândia”, assegurando que esta é uma viagem privada e que quer falar com as pessoas “daquele local incrível”.

A Gronelândia esteve no centro das atenções na primeira Administração Trump, quando Donald Trump lançou um plano para a comprar à Dinamarca, o que provocou reações de espanto e indignação em Copenhaga e na própria ilha.

O anúncio da visita de Trump Jr. esta terça-feira coincide com o cancelamento de uma visita do presidente regional da Gronelândia, Mute Egede, a Copenhaga para ser recebido pelo rei dinamarquês esta quarta-feira.

Embora as autoridades da Gronelândia tenham aludido a “problemas de calendário” como causa, o cancelamento despertou suspeitas nos meios de comunicação social dinamarqueses, também alimentadas pelo próprio Egede no seu discurso de Ano Novo, no qual disse que era altura de dar “o próximo passo” para o país. Esta ilha do Ártico tem dois milhões de quilómetros quadrados, sendo 80 por cento coberto por gelo, apenas 56 mil habitantes e tem novo estatuto desde 2009 que reconhece o direito à autodeterminação.

A maioria dos partidos e a população defendem a separação da Dinamarca, mas metade do orçamento da ilha depende da ajuda anual de Copenhaga e as tentativas de aumentar os rendimentos com a sua riqueza mineral e petrolífera falharam até agora devido às dificuldades e aos elevados custos de extração.
Tópicos
PUB