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Filhas da imigração em França, Elea e Martina saem à rua com extrema-direita para "mudar a UE"

por Lusa

 Têm ambas origens na imigração em França, mas as jovens Elea e Martina, respetivamente com origens portuguesa e croata, saíram à rua na campanha eleitoral com a extrema-direita, confiantes em Jordan Bardella e numa "mudança na Europa".

Confiantes na reta final da campanha para as eleições europeias, membros do partido União Nacional (RN), cujo jovem candidato, Jordan Bardella, é o favorito à vitória no domingo contra o partido do Presidente Emmanuel Macron, reuniram-se hoje à porta do mercado municipal em L`Hays-Les-Roses, em Paris, para uma ação de campanha.

Distribuindo sorrisos e panfletos da campanha, o grupo de seis apoiantes do RN, de todas as idades, esteve durante a manhã à conversa com quem ia passando e até com os vendedores, notando o bom acolhimento, em contraste com o passado.

"É surpreendente que antes as pessoas não queriam os panfletos e não queriam ser vistas connosco, e agora há pessoas que vêm ter connosco e quando dizemos `Jordan Bardella` respondem que gostam dele", disse à Lusa Martina Gabelica, assessora executiva do partido.

"Há uma mudança, as pessoas estão mais interessadas e impactadas com o que está a acontecer", diz visivelmente entusiasmada a jovem de 26 anos.

"Domingo 09 de junho a França está de volta" ou "Diz stop à Europa de Macron" são as os slogans de campanha nos panfletos com a cara do principal candidato, Bardella, e de Marine Le Pen.

A campanha "está a correr muito bem", com ações todas as semanas, diz Elea Da Cunha, de 17 anos: "as pessoas estão com a mente mais aberta".

Sendo uma das mais novas na sua federação a que pertence e com raízes portuguesas da sua avó imigrante em França, a estudante tem um histórico familiar politicamente de esquerda. Após algum tempo com receio de ser julgada por apoiar a direita radical, acabou por aderir ao partido, "por amor ao seu país" e por querer "preservar a Europa, a França e o seu orgulho".

"Não conheço ninguém que não goste do nosso candidato, Bardella, todos acham que ele é o candidato ideal", afirma Frédérique Thomas, de 69 anos, acrescentando que Bardella é "muito inteligente e sabe o que as pessoas precisam".

Para a apoiante do RN, "as pessoas dos outros partidos não concordam com Bardella, porque eram muito críticos anteriormente de Marine Le Pen, mas desta vez a maioria das pessoas respeita", e a dupla da RN funciona bem para o candidato e para o partido.

Até uma eleitora de 81 anos nota entusiasmo em torno da candidatura rival, embora frise à Lusa que não vai "votar no Bardella", por ser "uma apoiante fiel do LR (Os Republicanos)": "todas as pessoas à minha volta dizem que vão votar no Bardella".

Na semana do escrutínio europeu, as sondagens revelam que o RN regista cerca de 33% das intenções de voto, seguido do partido Renascimento, de Emmanuel Macron, e da coligação Partido Socialista-Place Publique, com 16% e 14,5%, respetivamente.

Nas eleições para o Parlamento Europeu de 06 a 09 de junho, a França elegerá 81 eurodeputados dos 720 eleitos por todos os países da União Europeia.

Já Martina Gabelica, que cresceu e viu a Croácia entrar na União Europeia (UE), acredita que a solução para a França não é sair da Europa - "isso iria quebrar o sistema todo de colaboração e muitos países iriam sofrer" - mas "mudar a forma como a Europa funciona", beneficiando os países mais pobres.

A jovem do partido de Le Pen e Bardella defende a cooperação dos países europeus, mas não num sistema em que a UE tome decisões pelos países, porque, afirma, "os grandes países, como a França, dão muito dinheiro e tiram apenas uma pequena percentagem de volta através do PAC (Política Agrícola Comum da UE) ou outros sistemas".

Na rua, a maioria dos cidadãos vão se mostrando recetivos a ouvir o que a equipa de Bardella tem a dizer e concordam com os problemas mencionados, como a segurança, o custo de vida, a imigração. Alguns consideram que a UE é algo distante e não percebem como funciona.

Durante a ação, os apoiantes do RN vãotecendo diversas críticas ao atual Presidente francês, Emmanuel Macron, pela situação atual do país.

Para Frédérique, Macron "não quer saber das pessoas" por estar no seu último mandato e "quer governar a Europa como um país composto por várias nações", transferindo a soberania do país para Bruxelas. Seria "o fim da França", sentencia.

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