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FBI investiga. Hackers usaram e-mail de ex-assessor de Trump para tentar interferir na campanha eleitoral

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Jim Urquhart - Reuters

Hackers alegadamente iranianos conseguiram atacar a conta de e-mail de Roger Stone, ex-assessor político que trabalhou na campanha eleitoral de Donald Trump em 2016. O objetivo seria usar o e-mail de Stone para entrar na conta de um alto funcionário da campanha do ex-presidente norte-americano. Na segunda-feira, o FBI confirmou que está a investigar tentativas de ataques cibernéticos, alegadamente por parte do Irão, nas campanhas de Donald Trump e Kamala Harris.

Roger Stone foi informado pela Microsoft e pelo FBI que o seu e-mail foi comprometido por um “agente estatal estrangeiro”, com a intenção de utilizar a sua conta para enviar um link fraudulento para autoridades da campanha de Trump que daria aos hackers acesso ao computador da pessoa visada, disse uma das fontes familiarizadas com o assunto à CNN.

Segundo essa mesma fonte, os e-mails foram enviados em junho para funcionários da campanha eleitoral de Donald Trump a partir da conta de Roger Stone.

“Fui informado pelas autoridades que algumas das minhas contas de e-mail pessoais foram comprometidas”, disse Stone ao Washington Post. “Não sei mais detalhes sobre isso. E estou a cooperar. É tudo muito estranho”, afirmou.
O envolvimento de Roger Stone não deixa de ser curioso, dado que em 2019, o ex-assessor de Trump foi condenado por sete crimes, que incluem a divulgação de e-mails obtidos pelo WikiLeaks na tentativa de prejudicar Hilary Clinton, a adversária de Trump nas presidenciais de 2016. Stone foi condenado a três anos e quatro meses de prisão, mas foi indultado por Trump em 2020, um mês antes de deixar a Casa Branca.
Na sexta-feira, a Microsoft tinha indicado que hackers ligados ao Governo iraniano tentaram invadir a conta de um "alto funcionário" da campanha presidencial dos EUA, em junho. O relatório adiantava apenas que os hackers assumiram uma conta pertencente a um ex-assessor político e usaram-na para atingir o alto-funcionário, sem fornecerem nomes.
FBI investiga alegados ataques
No sábado, a equipa de Trump anunciou que foi hackeada, atribuindo as culpas ao governo iraniano.

As acusações surgiram depois de o jornal Politico ter informado, no sábado, que recebeu e-mails de uma conta anónima com documentos sobre J.D. Vance, o candidato a vice-presidente de Donald Trump.

Segundo o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, os documentos foram obtidos ilegalmente por parte de fontes estrangeiras hostis aos Estados Unidos, com a intenção de interferir na eleição de 2024 e semear o caos em todo o nosso processo democrata”.

A campanha de Trump aponta o dedo ao governo iraniano, citando o relatório da Microsoft.

“Os iranianos sabem que o presidente Trump vai acabar com seu reinado de terror, assim como fez nos seus primeiros quatro anos na Casa Branca. Qualquer meio de comunicação ou veículo de notícias que reimprima documentos ou comunicações internas está a fazer o que os inimigos da América”, acusou Cheung.

O governo iraniano nega ter hackeado a campanha de Trump. “O governo iraniano não tem qualquer intenção ou motivo para interferir na eleição presidencial dos Estados Unidos”, disse a missão iraniana na ONU em comunicado. Perante estes relatos, o FBI anunciou que abriu uma investigação, em junho, a alegadas tentativas de ataques informáticos por parte do Irão que visam as campanhas eleitorais.

Segundo o Washington Post, para além do ataque à campanha de Trump, o FBI também está a investigar um alegado ataque cibernético que visou assessores da campanha do presidente Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris, apesar de um funcionário da campanha de Harris ter dito não ter conhecimento de nenhuma violação de segurança.

A Casa Branca disse no sábado que condenava qualquer tentativa de interferência estrangeira nas eleições americanas.

“Como já dissemos muitas vezes, a Administração Biden-Harris condena veementemente qualquer governo ou entidade estrangeira que tente interferir em nosso processo eleitoral ou que procure minar a confiança nas nossas instituições democráticas”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Ataques informáticos que visam interferir nas eleições presidenciais não são um incidente inédito, nomeadamente nos Estados Unidos. As autoridades norte-americanas confirmaram que em 2016, a Rússia tentou interferir nas eleições para ajudar Donald Trump a ganhar a corrida à Casa Branca, hackeando e divulgado e-mails e documentos internos de figuras democratas.
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