FBI alerta para protestos armados contra tomada de posse de Biden
A investidura do Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, poderá ser antecedida de protestos armados, alerta o FBI num memorando. Há relatos de grupos armados que estão a planear reunir-se em todas as capitais estaduais e em Washington DC de 16 a 20 de janeiro, dia da tomada de posse de Biden e da vice-presidente Kamala Harris.
Na semana passada, começaram a circular nas redes sociais novos apelos a protestos no dia 17 de janeiro e a presidente da câmara de Washington, Muriel Bowser, prolongou o estado de emergência até dia 20, para voltar a impor o recolher obrigatório, se for necessário.
Muriel Bowser pede aos norte-americanos que evitem viajar para Washington para assistir à tomada de posse.
A nota interna do FBI alerta para um grupo pró-Trump que está a apelar à “invasão” de tribunais federais, locais e estaduais em todo o país, se o Presidente cessante for afastado do cargo mais cedo.
Os responsáveis de segurança estão determinados a evitar as cenas de violência a que se assistiu no dia 6 de janeiro – quando milhares de apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio onde congressistas estavam a validar o resultado da eleição de 3 de novembro.
A invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro provocou cinco mortos e dezenas de feridos e o Pentágono foi criticado por ter demorado a enviar a Guarda Nacional para travar os protestos.
O secretário interino de Segurança Nacional, Chad Wolf, revelou na segunda-feira que instruiu os Serviços Secretos a iniciar operações especiais na quarta-feira – seis dias antes da sessão de investidura – “à luz dos eventos da passada semana”.Poucas horas depois, Wolf tornou-se o terceiro membro do gabinete de Trump a abandonar o cargo após os incidentes no Capitólio.
Ontem, Donald Trump declarou o estado de emergência até 24 de janeiro, o que permite ao departamento de Segurança Nacional agir para “evitar uma ameaça de catástrofe”.
Segundo as autoridades, 15 mil soldados da Guarda Nacional podem ser disponibilizados para garantir a segurança da tomada de posse.
Perto de 6200 militares já estão presentes na capital federal e no fim de semana serão dez mil, revelou aos jornalistas o general Daniel Hokason.
Biden sem medos
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não tem medo de ser investido numa cerimónia no exterior do Capitólio, depois do violento ataque à sede do poder legislativo por apoiantes de Donald Trump.
"Não tenho medo de fazer o juramento de posse ao ar livre", assegurou Biden, em declarações aos jornalistas, após ter recebido a segunda dose da vacina contra a Covid-19.Obama, Bush e Clinton presentes na investidura
O tema da investidura de Joe Biden como Presidente norte-americano será “América Unida”, estando confirmada a presença dos antecessores Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton, revelou na segunda-feira a comissão responsável pelas cerimónias.
“Num momento de crise sem precedentes e profundas divisões, [o tema] ´América Unida´ reflete o início de uma nova jornada nacional que restaura a alma do país, une-o e abre caminho para um futuro mais auspicioso”, afirmou, em comunicado, a comissão da tomada de posse de Biden.
Depois de empossados, a 20 de janeiro, Biden e a vice-presidente Kamala Harris, juntamente com os seus cônjuges, participarão numa cerimónia militar.
Em seguida, o presidente e a vice-presidente deporão, com Obama, Bush, Clinton e seus cônjuges, uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido, no cemitério nacional de Arlington.
Donald Trump já anunciou que não comparecerá nas cerimónias, tornando-se o primeiro presidente cessante em mais de 150 anos a não comparecer à tomada de posse do seu sucessor.
Já o vice-presidente Mike Pence mantém a dúvida se vai estar presente.
No final das cerimónias, Biden seguirá para a Casa Branca, com escolta militar.Mais uma baixa no Executivo de Trump
Depois de Betsy DeVos e Elaine Chao terem apresentado a demissão do Executivo liderado por Donald Trump, ontem o secretário interino de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Chad Wolf, anunciou a sua demissão, numa mensagem enviada aos membros da sua equipa.
"Estou triste por dar este passo, dado que tinha a intenção de servir até ao fim deste Governo", escreveu.
Wolf tinha apelado, na passada semana, a Donald Trump para que “condenasse fortemente” a invasão do Capitólio.
O republicano de 45 anos liderava desde novembro de 2019 o Departamento de Segurança Nacional, criado após os atentados de 11 de setembro de 2001 para melhor coordenar as políticas migratórias e de segurança do país.
Em poucos dias, esta é a terceira saída no Executivo liderado por Donald Trump, depois da demissão dos secretários dos Transportes e da Educação, que se demitiram na semana passada em sinal de condenação pela violência.
Destituição de Trump analisada na Câmara dos Representantes
Os democratas da Câmara dos Representantes revelaram que vão analisar a destituição do Presidente cessante norte-americano na próxima quarta-feira, precisamente uma semana depois da invasão por apoiantes de Donald Trump do Capitólio.
A líder da maioria democrata da Câmara dos Representantes, Steny Hoyer, pediu ontem aos membros do órgão de soberania para que regressem a Washington para se analisar a resolução a aprovar e em que se pede ao vice-Presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para invocar a autoridade constitucional e destituir Trump.
Aguarda-se que a resolução seja aprovada, mas acredita-se ser improvável que Pence aja nesse sentido e invoque a 25.ª emenda.
Hoyer adiantou também que a Câmara dos Representantes irá, depois, analisar a destituição (impeachment), também quarta-feira.
Os democratas da Câmara dos Representantes agiram rapidamente para redigir um artigo de impeachment, acusando Trump de incitamento à insurreição pelo apelo que fez a milhares de seus apoiantes que participavam numa manifestação, há uma semana, e que culminou com a invasão do Capitólio, protestando contra a alegada fraude eleitoral nas presidenciais de 3 de novembro, ganhas pelo democrata Joe Biden.
Ontem, os republicanos bloquearam a resolução que pede a Pence para invocar com urgência a 25.ª emenda para destituir Trump.
O bloqueio, que se resumiu à recusa em votar a resolução, foi imposto depois de os democratas terem entregado na Câmara dos Representantes uma ata de acusação contra Trump, primeiro passo para a abertura formal de um segundo procedimento de destituição contra o Presidente cessante dos Estados Unidos, que é acusado unicamente de “incitar a violência” no episódio que levou à invasão do Capitólio em Washington.
Trump termina o mandato quando Biden tomar posse, a 20 deste mês.
Pence ainda não deu qualquer indicação sobre se irá dar sequência às resoluções dos democratas, mas, se não avançar com o processo, a Câmara dos Representantes, segundo a presidente deste órgão, Nancy Pelosi, avançará para a destituição.
Pelosi reagiu ao bloqueio dos republicanos, acusando-os de “pôr os Estados Unidos em perigo” face à “cumplicidade” com Trump.
A líder democrata da Câmara dos Representantes lamentou que os republicanos se oponham à unanimidade da resolução para exigir a Pence que promova a demissão de Trump.
A poucos dias do fim da Presidência de Trump, a Câmara dos Representantes está também a preparar esta semana a destituição do Presidente cessante.
Pelosi tem tentado primeiro pressionar os republicanos para que convençam Trump de que chegou a hora de deixar a Presidência norte-americana.
O projeto da Lei da Destituição, de quatro páginas, dá conta, entre outras razões, de declarações falsas feitas por Trump sobre o facto de ter derrotado Biden nas eleições, das pressões sobre as autoridades da Geórgia para que se encontrassem mais votos para dar a vitória ao Presidente cessante.
A invasão do Capitólio é outro dos argumentos, uma vez que consideram que Trump incitou os seus apoiantes a “lutarem como nunca” contra a alegada fraude eleitoral, o que levou os manifestantes a romperem os cordões policiais e a entrarem no Capitólio.
"O Presidente Trump colocou em risco a segurança dos Estados Unidos e das suas instituições governamentais", refere-se no projeto de lei dos representantes democratas David Cicilline (Rhode Island), Ted Lieu (Califórnia), Jamie Raskin (Maryland) e Jerrold Nadler (Nova York).