Fazendeiro que mandou matar freira americana condenado a 30 anos de prisão
Um fazendeiro brasileiro acusado de ter mandado assassinar uma freira que trabalhava para defender a floresta amazónica, foi condenado a 30 anos de prisão. Vitalmiro Bastos Moura terá mandado assassinar a religiosa americana, porque esta o impedia a ele e a outro rancheiro, de se apropriarem de terras que o Governo tinha destinado aos pequenos agricultores.
O veredicto foi conhecido quando já era noite na cidade de Belém. O júri precisou de 15 horas de deliberações para declarar o fazendeiro culpado de mandar matar a irmã Dorothy Stang.
É a terceira vez que Vitalmiro Bastos Moura é julgado por este crime. Em 2007 tinha sido condenado a 38 anos de prisão, mas foi absolvido num segundo julgamento no ano seguinte. Suspeitas de que o fazendeiro tinha subornado uma das testemunhas-chave, levaram a que o tribunal o mantivesse na prisão
Dorothy Stang foi abatida a tiro em 2005, quando caminhava num trilho da floresta. O crime deu-se em Anapu, no Estado do Pará, junto à fronteira norte do Brasil onde fazendeiros e madeireiros tem vindo a desbastar grandes porções da floresta.
A morte provocou reacções de indignação a nível internacional. A freira de 73 anos era natural de Dayton no Ohio e trabalhava desde há mais de três décadas para proteger a floresta tropical e defender os direitos dos mais pobres..
Os dois homens que apertaram o gatilho foram presos e condenados a pesadas penas de prisão. Durante o julgamento confessaram ter sido contratados por Vitalmiro Moura e por outro fazendeiro para matarem a freira.
Impunidade tem sido a regraO caso está a ser visto como um teste à capacidade das autoridades brasileiras, de combaterem a quase total impunidade que reina na região amazónica, tanto no que respeita ao assassínio de activistas, como à desflorestação ilegal.
Estima-se que nas últimas duas décadas, mais de 1200 pessoas foram mortas em conflitos por causa de terras no território do Brasil, a maior parte delas na região amazónica. Oitenta por cento dos executores dos crimes estão por trás das grades, mas os poderosos fazendeiros que, segundo a acusação, encomendaram os assassínios nunca foram condenados.
Se a condenação de Vitalmiro Bastos Moura não for anulada, será a primeira vez que o mandante da morte de um activista é condenado prisão efectiva pela justiça brasileira.
Regivaldo Galvão, o outro fazendeiro que terá ajudado a orquestrar o assassínio de Dorothy Stang, deve ser começar a ser julgado no final do mês.