O movimento alemão "Aufbruch" ("Despertar"), também conhecido como dos "fãs de Putin", defende uma "relação amigável" de Berlim com a Rússia, e o fim da ajuda militar à Ucrânia.
Os elementos do "Despertar para a Paz, Soberania e Justiça" apresentam-se como uma alternativa aos partidos convencionais, exigindo uma saída imediata da Alemanha da NATO e estão a reunir assinaturas para concorrer às eleições europeias de junho.
Em entrevista à agência Lusa, Alexander Kurth, um dos membros da direção do movimento, criado em maio do ano passado, estranha que com a política levada a cabo pelo ocidente, a guerra na Ucrânia não tenha começado antes.
"O objetivo foi sempre destabilizar e enfraquecer a Rússia (...) Subjugar uma potência nuclear pela força das armas não é apenas insano, mas absolutamente perigoso. É triste que ninguém pareça ter aprendido nada com a história. Precisamos urgentemente de uma solução diplomática", apontou.
Kurth garante que o movimento reúne diferentes pessoas que têm em comum a defesa da paz, desde "cristãos, muçulmanos, esquerdistas, patriotas e ativistas da paz".
Uma das fundadoras do movimento é Elena Kolbasnikova, ativista pró-Rússia, que disse, em 2022, durante uma manifestação que organizou em Colónia, que "a Rússia não é um agressor" e que Moscovo está a "ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia".
As declarações em vídeo ao jornal Bild valeram-lhe uma multa de 900 euros ou 30 dias de prisão, mas a mulher considera-se inocente. A invasão da Rússia à Ucrânia é contrária ao direito internacional e a sua aprovação constitui um crime na Alemanha.
Há também vários elementos associados à extrema-direita na génese do movimento, como Vjatcheslaw Seewald que, segundo meios locais, dirige o principal canal do Telegram "Putin Fanclub".
"A Alemanha e a Rússia têm uma longa história comum. As experiências dolorosas que ambas as partes tiveram no decurso da história nunca mais se devem repetir", revelou Alexander Kurth, reiterando a importância de manter a paz acima de tudo.
"Dizemos nunca mais a uma guerra com a Rússia. No entanto, se a Alemanha e a Rússia trabalharem em conjunto a nível cultural, político e económico, ambos os países podem beneficiar com isso, e esta amizade é também uma garantia para a paz na Europa", sustentou o membro da direção do "Aufbruch".
O papel da Alemanha, de acordo com o movimento, deve ser o de um estado "verdadeiramente soberano, mediador diplomático e humanitário" e "sem tropas de ocupação".