Familiares denunciam detenção de ativista político guineense há duas semanas
Os familiares do ativista político guineense Alexandre da Costa denunciaram hoje que este se encontra detido há já há duas semanas na 2.ª Esquadra de Bissau sem direito a visitas ou assistência de um advogado.
De acordo com a mãe e a irmã, Alexandre da Costa foi detido, na residência familiar, num dos bairros de Bissau, no dia 16 deste mês, alegadamente, por "homens desconhecidos, que nem se identificaram".
"Chegaram num táxi e apanharam o Alexandre e levaram para a 2.ª Esquadra", disse a irmã, em lágrimas, em conferência de imprensa na Casa dos Direitos, em Bissau, sede da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
A irmã do ativista afirmou que, desde o dia da detenção, os familiares têm tentado visitá-lo, mas ainda não receberam a autorização dos guardas prisionais, que alegam não ter "ordens superiores".
"Apenas pedimos que nos deixem ver o Alexandre para sabermos se está vivo", apelou a irmã.
A mãe do ativista pede a quem eventualmente ele tenha feito algo de errado que se apresente para que ela lhe possa pedir desculpa, destacando que é o filho quem a ajuda nas lides domésticas e na sua atividade de pequeno comércio.
A vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Claudina Viegas, salientou que a sua organização considera a situação do ativista como um "sequestro pelas forças do Ministério do Interior".
Claudina Viegas disse ser inaceitável que Alexandre da Costa esteja detido sem ter direito à assistência de um advogado ou lhe seja permitido receber visitas.
"Vamos dar entrada de uma carta na Procuradoria-Geral da República pedindo que este órgão tome medidas sobre este caso, para que Alexandre da Costa seja ouvido por um magistrado, ser assistido por um advogado, para que se possa saber qual a sua situação", declarou a dirigente da Liga.
A organização humanitária responsabiliza o ministro do Interior, Botche Candé, e o secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Monteiro, pela "integridade física e por qualquer situação que acontecer ao Alexandre da Costa".
"Mais uma vez condenamos este sequestro, esta detenção arbitrária", declarou Claudina Viegas, lembrando que a Liga dos Direitos Humanos já tinha abordado publicamente a situação de Alexandre da Costa.
Com presença e comentários frequentes nas redes sociais, o ativista é dado como próximo ao Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG), liderado por Botche Candé.
A Lusa está a tentar obter uma reação do Ministério do Interior, mas ainda não teve sucesso.