Os familiares de um recruta que morreu há três meses, em Cabo Verde, após uma marcha militar, contestam o inquérito das Forças Armadas e vão processar o Estado por negligência, disse hoje o advogado que representa a família.
"Os familiares estão inconformados com o inquérito realizado, eles acham que as Forças Armadas falharam nos procedimentos, desde o momento do recrutamento até aos exercícios. Por isso, nós vamos avançar com um processo contra o Estado", afirmou à Lusa o advogado da família, Joãozinho Andrade.
Segundo explicou, "desde a primeira hora, não acreditaram no inquérito", pelo que, "brevemente" vão avançar com o processo judicial.
De acordo com as Forças Armadas, Davidson Barros, 20 anos, sentiu-se mal e desmaiou na etapa final de um exercício de campo, uma marcha administrativa, no dia 12 de outubro, quando estava integrado no Centro de Instrução Militar do Morro Branco, ilha de São Vicente.
Recebeu assistência no local por um médico militar, foi transportado para as urgências do Hospital Baptista de Sousa (HBS, Mindelo), onde deu entrada inanimado e morreu, após cinco paragens cardiorrespiratórias.
A morte foi atribuída a uma doença silenciosa (miocardiopatia dilatada), que não foi detetada na inspeção e evolui progressivamente, sendo que as autoridades concluíram não ter havido abusos na instrução militar.
Este não é o primeiro caso do género: em outubro de 2019 um jovem de 21 anos, natural da Praia, acabou por falecer, após desmaiar no centro de instrução militar em São Vicente.