Faltou unanimidade na Suíça. Cimeira sobre Paz sem Rússia insiste na soberania ucraniana
Terminou este domingo, com um consenso alargado mas sem unanimidade entre as 101 delegações, a Cimeira sobre a Paz na Ucrânia, organizada em solo suíço e sem a presença da Rússia. Os 79 signatários da declaração final, incluindo os diretórios europeus e o Conselho da Europa, enfatizam que a soberania, a independência e a integridade territorial de todos os Estados devem ser salvaguardadas.
No domínio da segurança alimentar, deve ser garantida a navegação comercial gratuita, completa e segura, bem como o acesso a portos marítimos nos mares Negro e de Azov.
Ataques a navios mercantes em portos e ao longo de toda a rota, bem como contra portos civis e infraestrutura portuária civil, são considerados inaceitáveis.
Em terceiro lugar, todos os prisioneiros de guerra devem ser libertados por troca completa. Todas as crianças ucranianas deportadas e deslocadas ilegalmente, assim como todos os outros civis ucranianos ilegalmente detidos, devem ser devolvidos ao país de origem. A Carta das Nações Unidas, incluindo os princípios de respeito à integridade territorial e soberania de todos os Estados, servirá como base para alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia, ainda de acordo com o documento que culminou a cimeira na Suíça.
"Rússia e os seus dirigentes não estão prontos para a paz"
No termo da cimeira, em conferência de imprensa, o presidente ucraniano carregou na ideia de que Moscovo não se revela preparada "para uma paz justa".
"Devemos fazer o nosso trabalho, não pensar na Rússia, fazermos o que devemos fazer. Por agora, a Rússia e os seus dirigentes não estão prontos para uma paz justa. É um facto", insistiu Volodymyr Zelensky. O chefe de Estado ucraniano anunciou ainda que já estão fechados acordos preliminares com vários países e mostrou-se convicto de que, numa segunda conferência da paz, haverá passos adicionais para o fim da guerra a leste.
"Segurança nuclear, segurança alimentar a libertação de prisioneiros e deportados, incluindo milhares de crianças raptadas pela Rússia. E agora, após a cimeira, propusemos e concordámos em continuar o nosso trabalho conjunto a um nível mais técnico, a nível de conselheiros e ministros, sob a forma de reuniões especiais", enumerou.
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quis garantir que a União vai manter a postura e apoio incondicional à Ucrânia. Afirmou também que os 101 países presentes nesta Cimeira sobra a Paz vão procurar um caminho para o término do conflito, apesar da ausência de unanimidade na declaração final.
"Caberá à Ucrânia determinar as condições de uma paz justa. A União Europeia vai apoiar-vos nisto e vai continuar a angariar apoio em todo o mundo", assinalou Von der Leyen.
"E apelo à Rússia para que acate a mensagem da comunidade internacional: respeitar a integridade e a soberania territoriais da Ucrânia, pôr termo à violência imperialista e trazer de volta as crianças", rematou.
O que reafirma o Kremlin
Já na manhã deste domingo, pouco antes do cair do pano sobre os trabalhos em Bürgenstock, a Presidência russa havia sustentado que as autoridades da Ucrânia deveriam refletir sobre a mais recente proposta de paz de Vladimir Putin, dada a degradação do quadro na frente da guerra para as tropas ucranianas.
"A dinâmica atual da situação na frente mostra-nos claramente que vai continuar a piorar para os ucranianos. É provável que um homem que coloca os interesses do seu país acima dos seus próprios interesses e dos interesses dos seus patrões considere tal proposta", lançou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, referindo-se a Volodymyr Zelensky.
Na sexta-feira, o presidente russo prometera ordenar um cessar-fogo na Ucrânia e encetar negociações, caso Kiev desse início à retirada de tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e abandonasse o projeto da adesão à NATO.
As condições do Kremlin foram de imediato recusadas por Ucrânia, Estados Unidos e Aliança Atlântica.
c/ agências