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"Falsificação total". Presidente da Geórgia não reconhece resultados das eleições legislativas

por RTP
Foto: Zurab Javakhadze - Reuters

A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, afirmou este domingo que não reconhece os resultados das eleições parlamentares da Geórgia no sábado, considerando que houve uma "falsificação total" dos resultados. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, instou hoje a uma investigação das alegadas irregularidades eleitorais.

Num discurso ao país este domingo, ao lado dos líderes da oposição, a chefe de Estado apelou aos cidadãos para que saíssem à rua em protesto.

“Não aceito esta eleição. Não pode ser aceite, aceitá-lo seria aceitar a Rússia neste país, a aceitação da subordinação da Geórgia à Rússia”, afirmou, convocando os cidadãos para um protesto esta segunda-feira junto ao Parlamento, pelas 19h00 (hora local).

Salome Zourabichvili, presidente da Geórgia desde 2018, considerou que o país foi "vítima" de uma "operação especial" promovida pela Rússia.

“Somos testemunhas e vítimas de uma operação especial russa, uma forma moderna de guerra híbrida contra o povo georgiano”, acusou.

Segundo a comissão eleitoral da Geórgia, o partido “Sonho Georgiano”, próximo de Moscovo, alcançou um quarto mandato, ao conquistar 89 lugares no Parlamento, com 54 por cento dos votos. Quatro partidos da oposição pró-ocidental ficaram com um total de 61 lugares.

Os partidos da oposição, pró-Ocidente e pró-União Europeia, afirmaram não reconhecer os resultados e apelaram aos protestos nas ruas.

Em reação aos resultados, o ex-presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, atualmente detido, apelou no domingo a “manifestações massivas” após a vitória do partido no poder.

O antigo presidente da Geórgia (entre 2004 e 2013) considera que as eleições foram “roubadas” e que este é o momento para “protestos em massa”.
“Alegadas irregularidades devem ser esclarecidas”, diz Charles Michel
Na Europa, destaque para a reação do alto representante para a Política Externa da União Europeia. Josep Borrell instou a Geórgia a investigar "de forma rápida e transparente" as alegadas irregularidades nas eleições legislativas de sábado.

"A UE recorda que qualquer legislação que comprometa os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos georgianos e contrarie os valores e princípios em que a UE se baseia deve ser revogada", afirmou a Comissão Europeia numa declaração conjunta com o chefe da diplomacia europeia.

No comunicado, Josep Borrell e a Comissão Europeia sublinham que as irregularidades "devem ser esclarecidas e corrigidas".

"Este é um passo necessário para reconstruir a confiança no processo eleitoral", vincam.

Antes, o presidente do Conselho Europeu tinha apelado à comissão eleitoral na Geórgia e outras autoridades para que investiguem e julguem as alegadas irregularidades eleitorais de forma “rápida, transparente e independente”.

Ambos os líderes, Josep Borrell e Charles Michel, têm por base a avaliação preliminar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). 

De acordo com a OSCE, da NATO e da UE, as eleições naquele país foram “marcadas por desigualdades (entre candidatos), pressões e tensões”. Os observadores europeus denunciaram “casos de enchimento de urnas” e “agressões físicas” durante o ato eleitoral.

“Continuamos a expressar profundas preocupações sobre o retrocesso democrático na Geórgia”, afirmou Antonio López-Istúriz White, chefe da delegação do Parlamento Europeu à missão da OSCE.

Através da rede social X, o presidente do Conselho Europeu considerou que as alegadas irregularidades “devem ser seriamente esclarecidas e abordadas”.

“Registámos a avaliação preliminar da OSCE/ODIHR e apelamos à Comissão Eleitoral e a outras autoridades relevantes para que cumpram o seu dever de investigar e julgar de forma rápida, transparente e independente as irregularidades eleitorais e as suas alegações” vincou Charles Michel.


O responsável lembrou os líderes do país para que demonstrem “o firme compromisso com o caminho da União Europeia” e assinalou que o Conselho Europeu de novembro “irá avaliar a situação e definir os próximos passos na relação [da UE] com a Geórgia”.

Ainda antes disso, Charles Michel pretende ver o tema discutido na cimeira europeia informal em Budapeste, a 8 de novembro, a propósito da presidência rotativa do Conselho da UE, a cargo da Hungria.
Órban esperado na Geórgia na segunda-feira
Foi precisamente da Hungria que chegou uma das poucas reações europeias ao resultado eleitoral na Geórgia. No sábado, o primeiro-ministro Viktor Órban felicitou o partido Sonho Georgiano pela “vitória esmagadora” e deverá mesmo deslocar-se ao país caucasiano nesta segunda-feira.

“Viktor Órban, o primeiro-ministro da Hungria, que detém a presidência da União Europeia, vai realizar uma visita oficial à Geórgia nos dias 28 e 29 de outubro”, adiantou o Governo georgiano em comunicado este domingo.

A Comissão Europeia tinha indicado que o resultado destas eleições poderia ter impacto no processo de entrada da Geórgia na União Europeia. O país obteve o estatuto de país candidato à adesão em dezembro de 2023.
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