O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, defendeu hoje que as Falintil devem ser "uma força de paz" para servir o povo, considerando que, mais do que uma força militar, são "um símbolo de tenacidade" dos timorenses.
Em declarações à agência Lusa à margem da cerimónia de comemoração dos 49 anos das Falintil - Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), o chefe de Estado timorense referiu que estas "foram sempre um grande símbolo político unificador, mobilizador e inspirador, pela tenacidade, de espírito de sacrifício, de entrega total de tantos e tantos que perderam as suas vidas com uma arma na mão".
Para Ramos-Horta, as Falintil foram "sobretudo um grande símbolo de orgulho e de tenacidade do povo timorense", que devem manter para continuarem a "sua missão de servir a paz e servir o povo".
"Não esquecer que eu fui o único premiado Nobel da paz na história do Nobel que entregou, numa cerimónia em Aileu, em 2000, a medalha do prémio Nobel às Falintil, que está guardada aqui no quartel-general", disse, referindo que este reconhecimento serviu "para lembrar a todos que as forças armadas devem ser sobretudo uma força de paz" .
No discurso durante a cerimónia, que decorreu no quartel-general das F-FDTL, em Díli, o Presidente disse que é preciso continuar a apoiar os antigos combatentes e as suas famílias, nomeadamente em áreas como "serviços de saúde, de segurança social e garantias de acesso a habitação condigna ou a serviços básicos essenciais de educação e de apoio ao desenvolvimento de atividades económicas".
Ramos-Horta considerou que este apoio servirá para "garantir um desenvolvimento nacional inclusivo", em que cada cidadão "possa prosperar e contribuir para o futuro de Timor-Leste".
Reconhecendo o "papel crucial dos militares na construção de um Timor-Leste seguro, moderno e próspero", o chefe de Estado defendeu que é preciso unir os esforços dos timorenses "na luta contra a pobreza, fome e insegurança alimentar".
No discurso, referiu que as F-FDTL desempenham "um papel essencial na manutenção da estabilidade e da segurança interna" em áreas como o apoio às forças de segurança, a proteção das fronteiras ou em situações de desastres naturais ou emergências.
Ramos-Horta referiu ainda que a cooperação de "países amigos", como Austrália, Brasil, China, Estados Unidos da América, Indonésia, Malásia, Nova Zelândia e Portugal, "é fundamental para o desenvolvimento" das capacidades militares de Timor-Leste.
As Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (Falintil) foram criadas em 20 de agosto de 1975 como braço armado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
Em 1987, o então comandante das Falintil, Xanana Gusmão, tomou a decisão de tornar esta força apartidária, consolidando-se como braço armado da resistência à ocupação indonésia. Após a independência do país, em 20 de maio de 2002, integram as Forças de Defesa de Timor-Leste.