Fábrica de mísseis destruída na Síria por comandos israelitas

por Graça Andrade Ramos - RTP
Material militar apreendido pelas IDF na Síria em dezembro de 2024 IDF/Reuters

Forças especiais israelitas atacaram uma fábrica subterrânea de mísseis na Síria, no passado mês de setembro, revelaram as Forças de Defesa de Israel (IDF). O local estava pronto a produzir centenas de mísseis de precisão que seriam fornecidos à milícia xiita libanesa do Hezbollah para ataques contra Israel.

O complexo fabril localizava-se junto a Masyaf, na província de Hama, perto da costa do Mar Mediterrâneo e era a "ponta de lança dos esforços de produção iranianos na nossa região", referiu aos jornalistas o porta-voz do exército israelita, o tenente-coronel Nadav Shoshani.

"A fábrica foi concebida para produzir centenas de mísseis estratégicos por ano, do princípio ao fim, para o Hezbollah usar nos seus ataques aéreos a Israel", acrescentou a fonte.

Soshani revelou ainda que a fábrica, escavada numa encosta da montanha, estava sob observação dos serviços de espionagem israelitas, desde o início da sua construção, em 2017. Estaria prestes a iniciar a produção de mísseis de precisão de longo alcance, alguns até 300 quilómetros.

"Esta capacidade estava prestes a cocretizar-se, por isso estamos a falar de uma ameaça imediata", referiu o porta-voz das IDF.

O ataque deu-se a 8 de setembro mas os detalhes só foram revelados pelos jornais israelitas nos últimos dias. Soshani reconheceu que esta é a primeira confirmação do sucedido por parte dos militares, que habitualmente não comentam operações especiais deste género.

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu aplaudiu o ataque. "Esta foi uma das operações preventivas mais importantes que empreendemos contra os esforços do eixo iraniano para se armar de forma a atacar-nos", reagiu Netanyahu em comunicado.
"Várias horas"
A imprensa síria reportou naquela data 16 mortos em ataques de Israel na parte ocidental do país.

Soshani descreveu o ataque noturno, que durou várias horas, como "uma das operações mais complexas que a IDF realizaram nos últimos anos". Estiveram envolvidos dezenas de caças bombardeiros e cerca de 100 comandos, transportados até ao local em helicopteros.

As tropas israelitas localizaram armas e apreenderam documentos, referiu Soshani. "No fim do ataque, os soldados desmantelaram a fábrica, incluindo as máquinas e os próprios equipamentos de produção", revelou, sublinhando que o ataque à fábrica "era fundamental para garantir a segurança de Israel".

As IDF publicaram imagens da operação, mostrando as tropas a embarcar e a desembarcar dos helicopteros e a mover-se ao longo de um túnel de paredes de cimento de um complexo fabril e a examinar documentação.

Outras imagens mostram o que parece ser um centro de comando com altas patentes militares.

O ex-presidente sírio Bashar al-Assad, que fugiu do país há cerca de três semanas perante o avanço de milícias armadas, facilitou a presença de combatentes do Hezbollah na Síria e facilitou a transferência de armas iranianas para o grupo xiita. Israel diz-se determinado a por fim ao fluxo de armamento iraniano para o Líbano.

Na primeira semana após o derrube do regime de Assad, Israel bombardeou em larga escala diversos objetivos militares sírios, incluindo bases e arsenais, para garantir que não caíam em mãos inimigas.
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