A extrema esquerda francesa foi acusada na segunda-feira de ter uma posição tolerante face ao “antissemitismo”, “relativismo” e “cautela de terrorismo” do Hamas, após ataque a Israel.
Alguns dos membros, como Louis Boyard, denunciaram a “colonização e abusos na Palestina”.
As declarações do líder do partido, Jean-Luc Mélenchon, causaram também escândalo no país: “apenas a violência produz e reproduz-se a si mesma”.
Este discurso foi imediatamente condenado pelos aliados socialistas da LFI, frisando a sua “aversão” ao ver homens que pertencem ao grupo terrorista do Hamas apresentados como “forças armadas palestinianas”, quando na verdade são “uma organização terrorista”, lembrou a deputada socialista Valérie Rabault.
O coordenador da LFI, Manuel Bompard, reconheceu na segunda-feira, no canal televisivo France 2, os “crimes de guerra” que “podem ser considerados como atos de terrorismo”.
Jérôme Guedj, membro do Partido Socialista (PS) em França, lamentou a “exoneração” do Hamas, “devido à relativização do nome no impasse político do conflito israelo-palestiniano” e o “prolongar da colonização” na Cisjordânia.
Os socialistas franceses criticaram o partido francês, La France Insoumise, por justificar os ataques sem precedentes a Israel, que resultaram na morte de centenas de civis. “Relativismo não é possível”, disse o líder do PS francês, Olivier Faure.
O senador socialista, Laurence Rossignol acrescentou que insinuar que “os judeus são sempre responsáveis pelo que lhes acontece”, é “uma constante no discurso antissemita”.
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, criticou o partido LFI devido às suas “ambiguidades revoltantes”.
O coordenador da LFI defendeu o partido face às acusações, instruindo os detratores a “preencher uma reclamação” e frisando que nenhum dos seus camaradas foi “alguma vez acusado de antissemitismo”.
Outras acusações tiveram origem na extrema direita francesa, em que o presidente do partido da Frente Nacional, Jordan Bardella, acredita que a LFI “é o garante moral do terrorismo islâmico”.
Estes comentários surgem num contexto muito sensível em França, em que têm surgido várias atitudes antisseméticas desde o ataque do Hamas a Israel. Desde “ameaças a judeus e Israel” à “demonstração de bandeiras em suporte à Palestina, segundo o Ministro do Interior, Gérard Darmanin.
O socialista Jérôme Guedj levantou a questão sobre a estabilidade da coligação parlamentar entre o seu partido e a LFI.
“É altura de acabar com a aliança errática com Jeal-Luc Mélanchon, com o qual não existe nada em comum”, comentou a presidente do município de Paris, Anne Hidalgo.
A Torre Eiffel, o monumento mais emblemático de Paris, foi iluminada com as cores da bandeira de Israel, azul e branco.