Praia, 22 out 2021 (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano disse hoje que a extradição de Alex Saab para os Estados Unidos foi um processo "sujeito a muitas pressões" e anunciou que vai participar na Cimeira para a Democracia, promovida pelo Presidente norte-americano, Joe Biden.
Numa mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, refere que falou, por telefone, na quinta-feira, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, "que reconheceu a qualidade da democracia cabo-verdiana como uma referência em África e no mundo", no contexto das sétimas eleições presidenciais em Cabo Verde, que elegeram José Maria Neves como Presidente da República, no passado domingo.
"Reafirmei que a estabilidade, a democracia e a confiança são os principais ativos de Cabo Verde, que fazemos questão de proteger, cuidar e aprimorar. Também confirmei a minha participação na Cimeira da Democracia, iniciativa do Presidente Biden que irá ter lugar em dezembro deste ano", anunciou.
A extradição de Alex Saab, que estava detido em Cabo Verde desde junho de 2020, para os Estados Unidos da América (EUA), que o acusam de ser testa-de-ferro do Presidente da Venezuela, concretizada no passado sábado após uma forte contestação nos tribunais por parte da defesa até à última decisão do Tribunal Constitucional cabo-verdiano, foi igualmente tema de conversa.
"Conversámos ainda sobre a extradição de Alex Saab, em que sublinhei a nossa confiança na justiça cabo-verdiana que decidiu um processo complexo sujeito a muitas pressões. O secretário de Estado garantiu o respeito pelo cumprimento das condições que garantem uma justiça justa e que tenha em conta os princípios constitucionais de Cabo Verde em matéria de extradição", afirmou Ulisses Correia e Silva.
Alex Saab, 49 anos, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, com passaporte diplomático, enquanto `enviado especial` do Governo venezuelano.
A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime de Maduro, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.
Washington pediu a extradição, acusando Saab de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.
Alex Saab está agora a ser julgado nos EUA por sete acusações de lavagem de capitais e uma de conspiração para cometer o crime.
A sua extradição por Cabo Verde, que a defesa e Caracas consideram como um "rapto", levou o Presidente da Venezuela a suspender o diálogo que estava em curso com a oposição.
Na mesma mensagem divulgada hoje, o primeiro-ministro reafirmou "o interesse do Governo de Cabo Verde em afirmar uma cooperação sólida com os EUA em matéria segurança e defesa cooperativa e modernização da justiça".
"Assim como agradeci ao Governo dos EUA pela oferta de vacinas [contra a covid-19]. O desempenho de Cabo Verde na gestão da pandemia e na vacinação foi considerado notável. Brevemente receberemos as vacinas da Pfizer [doadas pelos Estados Unidos], o que permitirá a vacinação da população dos 12 aos 17 anos", acrescentou.
Mais de metade da população adulta de Cabo Verde já está completamente vacinada contra a covid-19 e cerca de 80% já recebeu pelo menos uma dose da vacina.
A partir de novembro, o processo de vacinação será alargado aos menores, dos 12 aos 17 anos.
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