Extinção dos mamutes pode explicar desaparecimento de outras espécies devido alterações climáticas
Madrid, 01 Abr (Lusa) - Um estudo concluiu, pela primeira vez, que as alterações climáticas e o impacto humano foram as causas directas da extinção do mamute lanudo, há varios milhares de anos.
Os investigadores espanhóis David Nogues-Bravo e Jesús Rodríguez são os autores deste estudo, apresentado hoje e publicado no último número da revista Public Library of Science (PLoS).
O estudo fornece dados que ajudarão a perceber, no futuro, espécies ameaçadas de extinção.
Ao longo da história existiram cinco grandes extinções e, segundo os cientistas, haverá uma sexta.
Nogues-Bravo explicou que a equipa está a usar métodos de trabalho para perceber "qual irá ser o efeito das alterações climáticas no futuro".
Relativamente ao estudo sobre os mamutes, Nogues-Bravo sublinhou a importância deste estudo que determina, pela primeira vez, duas hipóteses científicas para explicar a extinção: as alterações climáticas e o impacto humano.
O mamute lanudo é uma espécie que não está directamente relacionada com os actuais elefantes e que habitou na Europa e no Alasca há, aproximadamente, 300 mil anos.
Os autores deste estudo fizeram uma projecção do "nicho climático" (condições climáticas em que pode viver uma espécie) dos mamutes em diferentes períodos (há 42 mil anos, 300 mil anos e 21 mil anos).
Uma vez conhecidas as características climáticas nas quais viveu a espécie delineou-se até ao momento que se extinguiu (há 3.500 anos) e há um período com um clima similar no qual o mamute, sem dúvida, sobreviveu (há 126 mil anos).
Como consequência das alterações climáticas, ficando mais gélido, produziram-se alterações na vegetação, de tal forma que os bosques foram recuando para norte e as estepes nas quais vivia o mamute foram reduzidas e quase desapareceram.
Os mamutes ficaram limitados a poucas áreas, o que facilitou que os humanos fossem capazes de colonizar estas áreas e se extinguisse facilmente a espécie.
Jesús Rodríguez destacou que existe uma diferença muito importante entre os humanos que habitam na Europa há 126 mil anos, uma espécie "arcaica" que não tinha ainda capacidade para migrar até ao norte.
Pelo contrário, "os humanos que chegaram à Europa há 40 mil anos, nossos antepassados directos, se foram capazes de colonizar o norte de Eurásia, perseguiram os mamutes até ao seu último refúgio e acabaram com eles", conclui o investigador espanhol.
JZB.
Lusa/Fim