Explosões sentidas em Damasco. Israel multiplica bombardeamentos na Síria
A máquina de guerra de Israel terá já levado a cabo, desde domingo, dia do colapso do regime de Bashar al-Assad, mais de 300 bombardeamentos sobre território da Síria. A contagem é do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, organização não-governamental que opera a partir do Reino Unido. Em Damasco, durante a última noite, foram sentidas explosões.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que conta com uma extensa rede de informadores na Síria, os ataques das Forças de Defesa de Israel têm-se abatido, essencialmente, sobre complexos militares. Telavive estará a tentar impedir que estas instalações possam ser utilizadas pelos rebeldes que lançaram Bashar al-Assad e a família em fuga para Moscovo.
A emissora de rádio do exército do Estado hebraico confirmou, por sua vez, que "Israel está a destruir navios militares sírios no porto de Latakia".
Na segunda-feira, outros ataques aéreos israelitas atingiram alvos das Forças Armadas sírias nos arredores de Damasco e em outras cidades, nomeadamente Mahaja, na província meridional de Daraa.
"Israel destruiu todos os aviões de combate nos aeroportos, além de alguns radares e depósitos de armas, desde que Bashar al-Assad fugiu da Síria após a queda do regime", indicou o Observatório.
"Medidas temporárias" para "a eternidade"
O embaixador israelita nas Nações Unidas veio entretanto afirmar que Telavive está a implementar "medidas limitadas e temporárias", referindo-se, em particular, a uma incursão na zona desmilitarizada dos Montes Golã sírios. Invocou uma "ameaça à segurança".
Foi no decurso de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, à porta fechada, que Danny Danon quis afiançar que Israel "não intervirá no conflito entre os rebeldes na Síria".
A incursão nos Montes Golã, sustentou, foi decidida após "grupos armados terem entrado", no passado sábado, na "zona tampão" entre Israel e a Síria, atacando uma missão de observadores das Nações Unidas. "Colocaram seriamente em perigo a segurança do pessoal da ONU", notou.
Por sua vez, na antecâmara da reunião pedida pela Rússia, o gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, havia enfatizado que a incursão do Tsahal na zona desmilitarizada dos Montes Golã violava o acordo territorial de 1974 entre Síria e Israel.O exército israelita confirma ter ocupado a porção síria do Monte Hermon, no interior da zona desmilitarizada. Israel conquistou parte dos Montes Golã à Síria na guerra israelo-árabe de 1967. Anexou o território em 1981, numa ação sem reconhecimento por parte da ONU.
O ministro israelita da Defesa, Israel Katz, assegurou que o país não pretende interferir nos assuntos internos da Síria. Ao mesmo tempo, porém, exortou os habitantes de cinco localidades sírias da zona desmilitarizada a permanecerem nas suas casas.
Já o primeiro-ministro israelita clamou, durante uma conferência de imprensa em Jerusalém, que os Montes Golã, ocupados há quase 60 anos, serão parte de Israel "para a eternidade". O controlo militar sobre esta fatia de território, argumentou Benjamin Netanyahu, "assegura a segurança e a soberania" israelitas.
Bashar al-Assad deixou a Síria no último fim de semana, diante da progressão-relâmpago dos combatentes da Organização pela Libertação do Levante, e asilou-se na Rússia. Os rebeldes conseguiram controlar a capital síria, face a escassa resistência das forças regulares do país, ao cabo de uma ofensiva de 12 dias.
c/ agências