Exército egípcio encontra destroços do avião da EgyptAir

por Christopher Marques - RTP
Elementos da segurança do Aeroporto Internacional de Luxor, no Egipto, inspecionam um avião da EgyptAir após a aterragem Kivanc Ucan - Reuters

O Exército egípcio anunciou esta sexta-feira que foram encontrados destroços do avião que caiu no Mediterrâneo na madrugada de quinta-feira. Cadeiras, bagagens e parte de um corpo foram avistados a 290 quilómetros a norte de Alexandria. O voo MS804 efetuava a ligação entre Paris e o Cairo quando desapareceu dos radares. Seguiam a bordo 66 pessoas, entre as quais um português.

O anúncio das autoridades egípcias foi feito na manhã desta sexta-feira através de um comunicado publicado na rede social Facebook. O ministro grego da Defesa revelou posteriormente que as autoridades egípcias encontraram cadeiras, malas e parte de um corpo a sul do local onde tinha sido perdido o sinal da aeronave.

A informação foi avançada a Atenas pelas autoridades egípcias que lideram as operações de busca no Mediterrâneo. Panos Kammenos mantém que a Grécia não irá especular sobre os motivos que levaram ao desastre. O governante helénico aproveitou ainda para confirmar a informação revelada na quinta-feira: os radares repertoriaram oscilações bruscas na trajetória do avião, enquanto este perdia altitude.

O airbus A320 da EgyptAir encontrava-se a voar a 37 mil pés, passando posteriormente para os 15 mil pés antes de desaparecer dos radares. Os motivos para esta queda abrupta e para as mudanças bruscas na trajetória ainda não são conhecidos.
Egipto apresenta condolências

Ainda durante a manhã, o Presidente egípcio apresentou condolências às famílias das vítimas. “A Presidência, com muita tristeza e lamento, presta homenagem às vítimas que seguiam a bordo do voo da EgyptAir que morreram depois de o avião ter caído no Mediterrâneo quando regressava ao Cairo desde Paris”, expressa o gabinete do Presidente em comunicado.

Segundo o exército egípcio, os destroços foram encontrados a 290 quilómetros a norte de Alexandria.



Ainda na quinta-feira a companhia aérea tinha avançado que já tinham sido encontrados destroços. No entanto, a informação acabaria por ser contrariada pelas autoridades gregas e posteriormente desmentida pela EgyptAir.
Franceses na investigação
Ainda antes de ter sido tornado público que foram encontrados destroços, técnicos franceses chegaram ao Egipto para colaborar nas investigações. Paris enviou três técnicos do Bureau d’Enquête et d’Analyses (BEA), entidade responsável pela investigação dos acidentes aéreos. Também um responsável da Airbus, empresa europeia produtora da aeronave, está já no Cairo.

Os quatro investigadores deverão encontrar-se ainda esta sexta-feira com os responsáveis pela aviação civil egípcia. O objetivo é ajudar na organização das buscas e tentar localizar o mais rapidamente possível o local exato onde o avião caiu.

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros insistiu esta manhã que não há qualquer indicação sobre as causas do desastre. Na quinta-feira, Paris tinha dito que tanto o acidente técnico como um atentado terrorista eram possibilidades a ter em conta.

Ainda durante a manhã de quinta-feira a Procuradoria de Paris anunciou a abertura de um inquérito. Um processo regular, uma vez que o avião em causa partiu do aeroporto Charles de Gaulle e há franceses entre as vítimas.

As autoridades egípcias, acolhendo ambas as possibilidades e referindo não querer entrar em grandes especulações, admitem que a tese de atentado terrorista é mais provável.
O que sabemos sobre a viagem?
O voo MS804 saiu do terminal aeroportuário em direção à pista de aterragem às 23h09 (22h09 em Lisboa). Cerca de dez minutos mais tarde, o avião descola em direção ao Cairo, onde deveria aterrar às 3h15.

Aparentemente, toda a viagem decorre sem problemas. Por volta da 1h50 (0h50 em Lisboa), o piloto estabelece a última conversa com os controladores aéreos. Não indica qualquer problema aos controladores gregos, mostrando-se bem humorado e agradecendo em grego. Encontra-se então a sobrevoar a ilha de Kea.

Às 2h26 (1h26 em Lisboa), o avião está prestes a abandonar o espaço aéreo grego e entrar na zona controlada pelo Egipto. Os controladores gregos tentam contactar o avião mas não conseguem. A entrada na zona egípcia confirma-se às 2h29 (1h29 em Lisboa) mas o piloto continua sem responder às investidas do controlo aéreo.

Segundo as autoridades gregas, o aparelho realiza duas viragens bruscas por volta das 2h37 (1h37 em Lisboa). O avião vira 90º para a esquerda e de seguida 360º para a direita. Entretanto, cai mais de 22 mil pés (11 mil metros de altitude).
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