Exército de Israel anuncia retirada de tropas terrestres do sul de Gaza

por Graça Andrade Ramos - RTP
Tanque israelita em manobras na Faixa de Gaza Hannah McKay - Reuters

Fontes das Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram este domingo a retirada de parte das suas tropas terrestres presentes no sul de Gaza.

No terreno irá permanecer somente uma brigada, acrescentaram as fontes, referencidas pela agência Reuters.

De acordo com o jornal israelita Haaretz, as IDF referiram que a 98ª Divisão tinha abandonado a Faixa de Gaza e que não existem neste momento tropas em manobras ativas do sul do enclave.

Em comunicado, as IDF explicaram que a 98ª Divisão "concluiu a sua missão" em Khan Younis, após meses de combates, tendo deixado a Faixa de Gaza para "recuperar e preparar-se para futuras operaçóes".

Uma "força significativa liderada pela 162ª Divisão e a Brigada Nahal, irão continuar a operar da Faixa de Gaza", acrescentou o texto.

A televisão pública israelita revelou entretanto que as tropas que vão permanecer em Gaza estarão colocadas ao longo do Corredor de Netzarim, que divide o enclave em dois ao interceptar uma das duas principais estradas que ligam o norte e o sul de Gaza.

Não ficou esclarecido de que forma a retirada se irá refletir na incursão contra a cidade de Rafah, suspensa há várias semanas e considerada essencial por Israel para cumprir o seu objetivo de eliminar definitivamente o Hamas.

A decisão poderá contudo ser um gesto de boa vontade para desbloquear as negociações de paz que marcam passo desde novembro.

Este domingo completam-se seis meses desde o ataque e massacre de 1.200 pessoas por parte do Hamas. Mais de 200, israelitas e estrangeiros, foram feitas reféns, 133 mantêm-se em parte incerta.

A resposta de Israel foi devastadora para os habitantes da Faixa de Gaza, cujos edifícios e infraestruturas foram sendo sistematicamente arrasados a partir do norte.

A população foi forçada a fugir aos poucos para o sul e um milhão de pessoas concentra-se atualmente em Rafah, junto à fonteira com o Egito, impedidas de prosseguir devido a uma barreira construída pelo Cairo para impedir a entrada de refugiados palestinianos no seu território.

Com exceção de um pequeno período de tréguas em novembro, que permitiu a libertação de cerca de 100 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinianos, as negociações para um cessar-fogo têm marcado passo.

De acordo com números do Hamas, na ofensiva provocada pelo ataque de sete de outubro terão morrido mais de 33 mil pessoas, incluindo milhares de mulheres e de crianças.

Israel sustenta que abateu pelo menos 12.000 militantes do grupo islamita, entre os quais cinco com a patente equivalente a general-brigadeiro, mais de 20 comandantes de batalhão e uma centena de líderes de companhia.

Este domingo deverão iniciar-se novas rondas marcadas para o Cairo.

O governo israelita tem exigido a libertação de todos os 133 reféns ainda retidos em Gaza e cujo destino é incerto, com o Hamas a exigir em vez disso o fim da ofensiva israelita.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, garantiu este domingo, antes da entrar para a habitual reunião de ministros, que não irá haver qualquer acordo de paz em Gaza sem a libertação dos reféns.
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