O antigo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe advertiu hoje a China das consequências da sua possível intervenção armada em Taiwan, que constituiria "uma emergência para a aliança Japão-EUA" e "suicídio económico" para Pequim.
Abe interveio hoje num fórum virtual organizado pelo Instituto Nacional de Investigação Política de Taiwan, num contexto de tensões crescentes no Estreito de Taiwan.
"Se há uma emergência em Taiwan, isso também significa uma emergência para o Japão, e para a aliança Japão-EUA. Pequim, e em particular o Presidente Xi Jinping, nunca deve ser confundido na sua compreensão disto", disse Abe durante o seu discurso no fórum, que foi noticiado pelos meios de comunicação social japoneses.
"O Japão, Taiwan e todos nós que acreditamos na democracia precisamos de instar Xi e os líderes do Partido Comunista Chinês a não enveredar pelo caminho errado", disse o antigo primeiro-ministro (2012-2020) e ainda considerado uma das figuras mais influentes dentro do partido no poder no Japão.
"Uma aventura militar em Taiwan seria o suicídio económico da China" e também causaria "sérios danos à economia mundial", disse o antigo líder conservador, que se demitiu por razões de saúde em setembro do ano passado e que continua a ser membro da Câmara Baixa do Parlamento japonês.
Abe salientou também que as ilhas Senkaku, que são administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim (que as chama Diaoyu), estão a cerca de 100 quilómetros de Taiwan, bem como outras ilhas remotas no sudoeste do arquipélago japonês.
O Japão tem um tratado bilateral de defesa com os Estados Unidos, que por sua vez tem algumas das suas maiores bases militares no Pacífico em Okinawa (sudoeste do Japão).
Washington tem uma relação ambígua com Taiwan, um território autónomo com o qual cortou relações diplomáticas oficiais em 1979 a favor de Pequim, embora continue a manter relações informais com a ilha e tenha vendido material militar às autoridades taiwanesas.
A Lei das Relações de Taiwan aprovada pelos Estados Unidos estabelece que Washington ajudará Taipé em matéria de defesa, embora não defina se os EUA interviriam num possível ataque chinês à ilha.