Park Geun-hye, a primeira mulher eleita para a Presidência da Coreia do Sul, destituída no ano passado no quadro de um processo de corrupção, foi esta sexta-feira condenada a uma pena de 24 anos de prisão. O tribunal condenou ainda a ex-Chefe de Estado ao pagamento de coimas num montante de 18 mil milhões de wons, ou 13,8 milhões de euros.
As investigações destaparam uma Presidência fortemente influenciada por Choi Soon-sil, “amiga e confidente” de Park, sem qualquer cargo oficial, que a imprensa sul-coreana chegou a apelidar de Rasputin – o místico russo próximo da família do czar Nicolau II.
Foram ambas acusadas de terem recebido pagamentos de importantes grupos económicos da Coreia do Sul em troca de favores políticos. Luvas que atingiram milhares de milhões de wons.
“As somas que a acusada recebeu ou exigiu, em colaboração com a senhora Choi, ascendem a mais de 23 mil milhões de wons”, apontou esta sexta-feira o juiz Kim Se-yoon, após ter dado como provadas acusações de corrupção, abuso de poder e coerção que pendiam sobre a ex-Presidente.
“Condeno a acusada a 24 anos de prisão e 18 mil milhões de wons em multas”, concluiu o magistrado.
Manifestações à porta do tribunal
A pena ficou, ainda assim, aquém dos 30 anos de prisão e das coimas de 118,5 mil milhões de wons, ou 89 milhões de euros, que a acusação reclamou.
A ex-Presidente estava acusada de ter aceitado ou de ter visto prometidos pagamentos, em conluio com Choi Soon-sil, num total de 59,2 mil milhões de wons (45,5 milhões de euros) por parte dos grupos sul-coreanos Samsung, Lotte SK.
Foi também acusada de ter levado 18 empresas a “doar” 77,4 mil milhões de wons (59,4 milhões de euros) a um par de fundações controladas por Soon-sil, condenada em fevereiro a 20 anos de prisão.
Lee Jae-yong, vice-presidente da Samsung Electronics e herdeiro do grupo, foi condenado em agosto a uma pena de prisão de cinco anos. Todavia, ao fim de quase um ano de cadeia, um tribunal de recurso comutou-lhe a pena, ordenando a sua imediata libertação.
Centenas de apoiantes de Park Geun-hye concentraram-se nas imediações do tribunal do departamento central de Seul, onde defenderam a inocência da ex-Chefe de Estado, hoje com 66 anos. Numa das faixas expostas no local exigiram o fim da “vingança política”.
Geun-hye, filha mais velha do antigo ditador militar Park Chung-Hee, esteve ausente da maior parte das sessões do julgamento, que se prolongou por dez meses, e chegou a acusar os juízes de parcialidade. Recusou-se também a deixar a cela para ouvir presencialmente a sentença.
c/ agências