Ex-PR Chissano apela à unidade e abre a porta a "talentos" fora da Frelimo

por Lusa

O ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano reiterou hoje em Maputo os apelos à unidade no país e abriu a porta aos "talentos" que outros partidos políticos têm para que sejam encontradas as soluções para "os muitos problemas" que Moçambique tem.

Chissano, numa mensagem transmitida em direto pelo seu partido, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), na rede social Facebook, destacou que "não há dois povos em Moçambique. Há um povo moçambicano".

"O povo é só um e a tarefa é dar este sentido de unidade do povo moçambicano a todo o povo moçambicano. Por isso estamos a festejar, mas também a aceitar a responsabilidade de manter este povo unido", acrescentou Chissano, que intervinha num evento em que também discursou o Presidente eleito, Daniel Chapo.

O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique proclamou hoje Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi.

"A Frelimo tem uma grande maioria na Assembleia da República e vai saber usar esses assentos para garantir a unidade, ouvir a diferença e juntar os processos, com o objetivo do desenvolvimento de Moçambique, a começar pela pessoa moçambicana", destacou.

Chissano defendeu que a Frelimo "conhece os problemas" do país.

"Temos muitos problemas, mas agora vamos encontrar soluções. As soluções não devem ser encontradas apenas pela Frelimo, apenas pelo governo que vai ser criado por um novo Presidente (...) Em todos os partidos há talentos, pode aproveitar, não para gloria do Chapo mas para gloria do nosso povo", sublinhou.

A solução é aproveitar outros talentos, defendeu, considerando: "Não podemos continuar a trabalhar sempre da mesma maneira se queremos resultados diferentes. Mudança é essa que nós queremos. Mesmo que ganhasse outra pessoa era mudança que queríamos".

Chissano deixou no final o apelo para que o país conheça a calma e a tranquilidade até à tomada de posse de Daniel Chapo, que deverá realizar-se em 15 de janeiro.

O primeiro a falar no evento transmitido pela Frelimo na Facebook foi o Presidente cessante, Filipe Nyusi, que deixou uma muito breve mensagem, antes de passar a palavra a Joaquim Chissano.

"Etapa conseguida. Começa nova etapa, novo momento, todos voltados para o futuro", disse.

A proclamação dos resultados pelo CC confirma a vitória de Daniel Chapo, jurista de 47 anos, atual secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), anunciada em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas na altura com 70,67%.

Esse anúncio da CNE desencadeou durante praticamente dois meses violentas manifestações e paralisações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não os reconhecia, provocando pelo menos 130 mortos em confrontos com a polícia.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), tinha ficado em segundo lugar, com 20,32%, segundo o anúncio anterior da CNE. O Conselho Constitucional na leitura dos resultados finais hoje confirmou o segundo lugar e atribuiu-lhe 24,19% dos votos.

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

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