Ex-líder do PP na Catalunha atacado e ferido a tiro numa rua de Madrid

por RTP
Polícia na rua onde Alejo Vidal-Quadras foi atacado na capital espanhola Nacho Doce - Reuters

Alejo Vidal-Quadras foi baleado na cara no bairro de Salamanca na capital espanhola, pelas 13h30 e foi hospitalizado em estado grave. A polícia procura dois homens que seguiam num motociclo de cor negra. O próprio político acusa o Irão de estar por trás do ataque.

O atirador disparou à queima-roupa sobre Vidal-Quadras sem dizer nada, dirigindo-se depois para o local onde o aguardava um cúmplice com a mota parada. Os dois homens, ambos de capacete, fugiram depois no veículo de duas rodas de marca Yamaha, que foi encontrado queimado.

O líder conservador, de 78 anos, foi líder do Partido Popular na Catalunha e euodeputado, e militou depois no Vox.

Seguia a pé na rua no centro de Madrid na altura do ataque, de acordo com fontes da Polícia Nacional espanhola. Vidal-Quadras foi socorrido e levado consciente para o Hospital Gregorio Marañón, onde ficou hospitalizado.

O político ficou ferido na mandíbula, tendo o projetil entrado e saído, e apesar de grave o seu estado não é considerado crítico, prevendo-se que seja submetido a uma cirurgia por dupla fratura do maxilar baleado.

"Quero transmitir a Alejo Vidal-Quadras a minha solidariedade e desejos de rápido restabelecimento", publicou o primeiro-ministro em exercício Pedro Sanchez, nas redes sociais. "Envio-lhe e à família toda a minha estima ", acrescentou.

A polícia cercou a área onde se deu o ataque. Não foram até agora reportadas quaisquer detenções, referiu o comando policial.

Testemunhas que presenciaram o sucedido descreveram o atirador como um "homem jovem e pouco corpulento", que vestia casaco azul, calças de ganga e capacete integral, e que estaria a rondar o domicílio de Vidal-Quadras. 

Quando viu o alvo, que passava na zona depois de ter ido à Missa, o atirador acercou-se e disparou a pouca distância.

Segundo declarações de quem assistiu aos factos, reportadas pelo jornal El País, nem agressor nem vítima pronunciaram qualquer palavra. O político dirigia-se ao seu carro que estava estacionado ali perto.
Assassínio contratado?
Após disparar, o atacante abandonou o local e foi até uma moto Yamaha TMAX de cor negra e grande cilindrada, parada, e onde o aguardava uma segunda pessoa, igualmente de cara tapada com um capacete. Depois de montar no veículo à pendura, atirador e condutor arrancaram a grande velocidade em direção proibida pela rua de Hermosilla.

Esta forma de agir é conforme à dos assassinos por contrato, refere o El País.


Um porteiro de um edifício da mesma rua referiu ter escutado um tiro pelas 13h30, que o levou a abandonar o seu posto, tendo visto o alegado atirador em fuga em direção à rua de Hermosilla e o político, em pé e a sangrar.

Os socorristas do Samur-Proteção Civil foram chamados e prestaram os primeiros cuidados à vítima, que se mantinha consciente, tendo sido reportado que Vidal-Quadras apresentava uma ferida de bala na área facial, com ponto de entrada inicial em ângulo na mandibula do lado direito e saída pelo esquerdo, referindo que o paciente estava "estável hemodinamicamente".

Fontes que acompanham o estado do ex-líder do PP e fundador do Vox referiram ao El País que o calibre da bala era pequeno.

Vidal-Quadras comunicou depois à polícia que o Irão poderá estar por detrás do ataque, devido aos seus vínculos com a oposição iraniana.

Fontes da investigação citadas pela agência de notícias espanhola Efe confirmaram a versão de Vidal-Quadras, que recordou aos investigadores a sua profunda relação com os exilados iranianos e afirmou não ter "outros inimigos".
Delito comum
Para já o ataque está a ser tratado como um delito comum e não como um atentado. O Ministério do Interior informou que a investigação foi entregue à brigada de homicídios da prefeitura de Madrid e não a especialistas de luta anti terrorista. A polícia forense cercou várias zonas no lugar do ataque e nas cercanias, para recolher quaisquer indícios que possam levar à identificação dos suspeitos.

Horas depois do ataque uma Yamha de cor negra em tudo semelhante à utilizada pelos agressores foi encontrada num descampado de Fuenlabrada, na periferia de Madrid. A polícia confirmou depois tratar-se do veículo utilizado no ataque.

Alejo Vidal-Quadras foi presidente do PP da Catalunha entre 1991 e 1996, tendo sido afastado da direção nacional depoi do pacto de Majestic com CiU. Foi depois eleito para o Parlamento Europeu, entre 1999 e 2014, chegando a ocupar a vice-presidência da Câmara.

Em janeiro de 2014 anunciou que ia abandonar a limitância no PP por crítica ao então líder do partido, Mariano Rajoy, e passou a militar no Vox, tendo ocupado uma das vice-presidências e sido cabeça de lista do partido nas eleições europeias desse ano, sem conseguir ser eleito.

Em 2015 afastou-se igualmente da formação liderada por Santiago Abascal.

Horas antes de ser baleado Alejo Vidal-Quadras manifestou-se nas redes sociais contra a amnistia dos separatistas catalães, aceite por Sanchez para garantir a necessária maioria que lhe permite formar Governo.

O Líder do Vox reagiu também nas redes sociais ao ataque, que classificou de "atentado", e considerando Vidal-Quadras um "amigo" um "defensor da nação e das instituições da Catalunha e da liberdade face aos regimes fundamentalistas".

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, mostrou-se "emocionada" com o ataque e desejou uma rápida recuperação ao ex-eurodeputado.

com Lusa
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