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Evgueni Mouravitch: "Temos imensa dificuldade em trabalhar com câmara na rua, as pessoas têm medo"

por RTP

Foto: Evgenia Novozhenina - Reuters

Evgueni Mouravitch, correspondente da RTP em Moscovo há mais de três décadas, falou na RTP3 sobre a guerra na Ucrânia e explicou como este conflito tem sido vivido em território russo. O regresso ao imperialismo e ao totalitarismo ou o incremento da propaganda foram alguns dos temas abordados.

O repórter começou por referir que a Rússia está, neste momento, “numa só mão”. O presidente Vladimir Putin é responsável por tomar todas as decisões finais num “sistema unipessoal de poder”.
Com a guerra na Ucrânia, a Rússia passou a viver num regime totalitário, onde se exige a “complacência dos cidadãos”, mas também o apoio declarado.

Evgueni Mouravitch aponta ainda que o presidente russo “acabou com todo o tipo de dissidência (…) que não seja alinhado com o pensamento oficial”, sendo que “ainda não se pode falar num regresso ao estalinismo”.

O jornalista abordou especificamente as pressões e tensões sentidas pelos repórteres a trabalhar na Rússia. “Nós jornalistas já temos imensa dificuldade em trabalhar com câmara na rua, as pessoas têm medo das câmaras, têm medo de se pronunciar. (…) As pessoas repetem teses que ouvem na televisão”, vincou.

No entanto, reconhece que os russos “não são homogéneos”. Se por um lado, a população urbana, mais instruída, ficou “muito reprimida e vulnerável” com as sanções internacionais, grande parte da população “vive dos salários que recebe do orçamento”.

“Enquanto Putin puder garantir os pagamentos, (…) esta parte vai continuar a expressar apoio ao regime”, indica o correspondente, considerando que o presidente russo “ainda tem muita coisa que o sustenta” e por isso não se pode esperar um fim desse regime em breve.

No entanto, apesar das opiniões diversas, a maioria dos russos “já está a compreender que isto não é uma operação militar especial, é uma guerra”.

Ainda que muitos russos queiram o fim da guerra, grande parte continua a acreditar que Putin está a combater o nazismo na Ucrânia. “Essa convicção ainda é muito forte”, vinca.
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