Europa teme vaga de migrantes da Líbia e planeia missão

por RTP
Federica Mogherini, responsável pela diplomacia da UE, avisa para os riscos da imigração clandestina se virar para a Líbia, depois da rota dos Balcãs ser encerrada. Francois Lenoir - Reuters

Cerca de meio milhão de deslocados da Líbia pode entrar na Europa nos próximos meses. O alerta foi dado por Federica Mogherini, a chefe da diplomacia europeia, numa carta enviada aos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, e divulgada esta sexta-feira pela Reuters.

“Há mais de 450 mil pessoas deslocadas internamente e refugiados, na Líbia, que podem ser potenciais candidatos a emigrar para a Europa”, lê-se na carta datada de 12 de março e citada esta sexta-feira pela Reuters.

Na mesma missiva, Mogherini avisa que os líderes europeus devem agir rapidamente para prevenir mais uma entrada de migrantes em massa no continente.

A chefe da diplomacia europeia alerta ainda para os traficantes de seres humanos, que estarão a operar livremente no país. “O conflito na Líbia e a consequente anarquia, permitem aos traficantes operar de forma impune. Estabilizar a Líbia é um passo crucial para impedir a perda de vidas na costa líbia e na rota do Mediterrâneo Central”, avisa Mogherini.

Na mesma carta, a italiana fala ainda num plano, que estaria a ser preparado pela União Europeia, e que previa enviar uma missão civil para a Líbia com o objetivo de reforçar as forças de segurança do país, as operações de contra terrorismo e os controlos das fronteiras, em conjunto com as Nações Unidas.

Mogherini refere que estão a ser estudadas “todas as opções possíveis”, incluindo uma “possível missão civil” na Líbia.

“A possibilidade de formar uma equipa de especialistas em migração e questões de segurança, conforme o artigo 28 do Tratado da União Europeia, pode ser explorada”, lê-se na nota.

A carta surge na sequência de uma série de reuniões de alto nível no âmbito da crise dos migrantes, nomeadamente o encontro de sexta-feira 11 de março, em Bruxelas, no qual o Reino Unido recebeu os líderes de França, Alemanha, Itália Espanha e Malta, e que contou com a presença de Mogherini.

Alguns diplomatas e ativistas manifestaram-se então preocupados com o possível esquecimento da rota de migrantes provenientes da Líbia, uma vez que os líderes europeus estavam a focar as atenções apenas no acordo com a Turquia, para a devolução dos migrantes que cheguem à Grécia. Um acordo que, entretanto, foi alcançado esta sexta-feira.

A União Europeia está a trabalhar em conjunto com as Nações Unidas para transferir o Governo de Unidade da Líbia de Túnis para Trípoli.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa dos 28 vão discutir o apoio da União Europeia à Líbia a 18 de abril, no Luxemburgo.
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