Um em cada três eleitores europeus vota em partidos populistas, de extrema-direita ou de extrema-esquerda, revela o The Guardian. De acordo com os resultados de um estudo sobre o crescimento populista na Europa realizado nas eleições nacionais de 31 países no ano passado, o apoio às políticas "anti-establishment" está a ganhar terreno no "Velho Continente".
)A menos de um ano das próximas eleições europeias, registou-se um número recorde de 32 por cento dos eleitores a votar em partidos populistas, nas últimas eleições realizadas nos países europeus. Ultrapassam largamente os 20 por cento do início da década e os 12 por cento da década de 1990, segundo as conclusões da investigação académica, partilhada exclusivamente com o The Guardian.
"Há flutuações, mas a tendência subjacente é que os números continuam a aumentar", disse Matthijs Rooduijn, sociólogo político da Universidade de Amesterdão e coordenador da investigação, em entrevista ao jornal britânico."Os partidos tradicionais estão a perder votos; os partidos anti-establishment estão a ganhar”, afirmou.
Segundo Matthijs Rooduijn, metade dos eleitores europeus que apoiam partidos populistas votam extrema-direita, que é a ideologia que está a ganhar mais apoiantes na Europa nos últimos tempos. O que é “importante, porque muitos estudos mostram agora que, quando os populistas asseguram o poder, ou a influência sobre o poder, a qualidade da democracia liberal diminui", acrescentou.
PopuList identifica três partidos portugueses
Este ano, o projeto PopuList identifica 234 partidos “anti-establishment” em toda a Europa, incluindo 165 partidos populistas, a maioria de extrema-esquerda e extrema-direita, mais concretamente, 61 partidos como sendo de extrema-esquerda e 112 de extrema-direita.
O projeto consiste numa base de dados com a lista de partidos populistas de 31 países na Europa desde 1989 até 2023, na sua mais recente atualização, da qual constam três partidos portugueses. O Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda são identificados como partidos de extrema-esquerda e o Chega é considerado populista e de extrema-direita.
O projeto consiste numa base de dados com a lista de partidos populistas de 31 países na Europa desde 1989 até 2023, na sua mais recente atualização, da qual constam três partidos portugueses. O Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda são identificados como partidos de extrema-esquerda e o Chega é considerado populista e de extrema-direita.
A PopuList foi lançada há cinco anos em parceria com o jornal The Guardian com o objetivo de oferecer a académicos e jornalistas uma visão geral dos partidos europeus de extrema-esquerda e de extrema-direita.
Na origem da tendência traçada por esta análise, estão os efeitos das diversas crises - financeira, humanitária, energética, climática, sanitária ou ainda da guerra na Ucrânia - que têm impactado negativamente a vida dos europeus nos últimos anos, sobretudo com o aumento do custo de vida e perda do poder de compra.
"Até há muito pouco tempo, a fórmula de ouro dos populistas - especialmente os de extrema-direita - era sempre: nativismo (ideologia que defende que os Estados devem ser habitados exclusivamente por membros do grupo nativo e que os elementos não nativos são fundamentalmente ameaçadores), anti-imigração, pró-lei e ordem, euroceticismo", afirmou Matthijs Rooduijn. No entanto, revela que os motivos que levaram os europeus a aproximar-se dos partidos populistas ou antissistema estão a evoluir. "Isso está a mudar. A resposta dos governos à Covid-19 foi importante para alguns; os interesses de género e agrários são para outros. As alterações climáticas e a agenda verde são para a maioria”, concluiu.
"Até há muito pouco tempo, a fórmula de ouro dos populistas - especialmente os de extrema-direita - era sempre: nativismo (ideologia que defende que os Estados devem ser habitados exclusivamente por membros do grupo nativo e que os elementos não nativos são fundamentalmente ameaçadores), anti-imigração, pró-lei e ordem, euroceticismo", afirmou Matthijs Rooduijn. No entanto, revela que os motivos que levaram os europeus a aproximar-se dos partidos populistas ou antissistema estão a evoluir. "Isso está a mudar. A resposta dos governos à Covid-19 foi importante para alguns; os interesses de género e agrários são para outros. As alterações climáticas e a agenda verde são para a maioria”, concluiu.
As conclusões deste estudo surgem na véspera de várias eleições decisivas para os europeus, onde os partidos populistas podem desempenhar um papel importante: em setembro, na Eslováquia; em outubro, na Polónia; em novembro nos Países Baixos; e na Bélgica e na Europa, em junho do próximo ano.
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