Europa. Onda de calor em 2022 matou mais de 60 mil pessoas

por RTP
Reuters

Um estudo liderado por cientistas europeus expôs números contundentes relacionados com o aquecimento global. De acordo com estatísticas da União Europeia, o ano de 2022 mostrou-se mortal devido às ondas de calor. Mais de 60 mil pessoas morreram, com os países mediterrânicos a serem os mais afetados.

Os verões têm-se sido cada mais vez quentes na Europa. Secas severas, incêndios devastadores são mais frequentes e tornam-se também uma das principais causas de morte no Velho Continente.

O ano de 2022 teve números preocupantes. Especialistas na área da saúde pública fizeram as contas e utilizaram modelos epidemiológicos para tentar perceber a extensão do fenómeno. Assim, descobriram que a onda de calor do ano passado levou à morte de mais de 60 mil pessoas.

Itália, Grécia, Espanha e Portugal foram os países mais afetados pelo calor. Os países mediterrânicos têm sido mais fustigados com ondas de calor severa, secas extremas e incêndios de grandes dimensões. Tudo isto, entre 30 de maio e 4 de setembro de 2022.

“Existiriam pessoas que iriam sempre morrer mas essas não fazem parte da contagem desta metodologia”, explicou Joan Ballester, um investigador sobre assuntos climáticos e de saúde do Instituto para a Saúde Global, em Barcelona e um dos autores do estudo. “Falamos apenas de pessoas cuja causa de morte foi acelerada ou mesmo causada pela ocorrência destas temperaturas”.

Apenas uma pequena parte morreu de golpe de calor. A maioria sofreu com o calor e morreu porque o corpo deixou de conseguir lidar com outros problemas de saúde associados, por exemplo, de coração e pulmões.

De acordo com o Guardian, o estudo apresentado revela que em todas as semanas do verão de 2022 houve temperaturas na Europa acima daqueles que são os valores base das três décadas anteriores. De 18 a 24 de julho deu-se o maior número de mortes: cerca de 11 mil pessoas.

Os investigadores sugeriram que o número de mortes em 2022 se deveu às anomalias nas temperaturas, sempre mais fortes no sul da Europa, do que no norte, em que os dias apresentam temperaturas demasiado altas e noites com pouco frio ou humidade.

Ana Maria Vicedo-Cabrera, líder do grupo de investigação de clima e saúde da Universidade de Berna, não fez parte do estudo mas elogiou a metodologia utilizada para o mesmo e adiantou ainda que os números podem ser ainda maiores do que os apresentados.

Um estudo apresentado pela universidade suíça explicou que são as mulheres e os idosos os que estão mais vulneráveis às ondas de calor. A poluição, causada pelo consumo de combustíveis fósseis, também tem as suas consequências. “Compreendemos que 60 por cento das mortes observadas podem ser atribuídas à mudança climática”, explicou Vicedo-Cabrera.

O Centro Climático da Cruz Vermelha pediu que os sistemas de saúde estivessem cada vez mais atentos aos problemas que as ondas de calor trazem. Julie Arrighi explicou: “É crucial que as populações tomem conta dos seus vizinhos e parentes, especialmente os que vivem sozinhos”.
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