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Eurodeputados expulsos. Bugalho acredita que Governo venezuelano não está "tranquilo" com eleições

por Joana Raposo Santos - RTP
Sebastião Bugalho e outros eurodeputados do Partido Popular Europeu (PPE) foram expulsos da Venezuela na sexta-feira. Foto: Pedro A. Pina - RTP

Sebastião Bugalho considerou este sábado que o Governo venezuelano não está "tranquilo" relativamente ao ato eleitoral no país, caso contrário não teria impedido que figuras externas entrassem no território. O eurodeputado português e a restante comitiva que foi expulsa de Caracas na sexta-feira vão escrever uma carta à presidente do Parlamento Europeu a recomendar que as autoridades venezuelanas sejam tratadas com reciprocidade, ou seja, impedidas de entrar em instituições europeias.

“Que democracia que estivesse tranquila com o seu ato eleitoral é que impediria tantos dignitários, tantas figuras políticas (…) de estarem presentes no país?”, questionou Sebastião Bugalho em declarações à RTP à chegada a Lisboa.

Sebastião Bugalho e outros eurodeputados do Partido Popular Europeu (PPE) foram expulsos da Venezuela na sexta-feira, não tendo passado do aeroporto de Caracas. A comitiva deslocou-se ao país para acompanhar as eleições presidenciais de domingo, na sequência de um convite da oposição.

Segundo o eurodeputado, os membros da comitiva foram tratados como “pretensos observadores eleitorais”, algo que nunca quiseram ser.“Retiraram-nos os passaportes diplomáticos durante horas” e “impediram-nos de usar os nossos telemóveis”, algo que “não é suposto acontecer”, relatou.

“Nós formalmente, institucionalmente e diplomaticamente estabelecemos sempre contacto com as autoridades venezuelanas assente no pressuposto que iriamos visitar o país de forma respeitadora da soberania venezuelana”, adiantou.

“Não compreendemos porque é que fomos expulsos desta forma, não planeávamos fazer qualquer tipo de ativismo eleitoral nem qualquer tipo de interferência menos digna, apenas estar presentes como democratas representantes do Parlamento Europeu”.

Sebastião Bugalho confessou que a situação “foi um pouco desagradável, mas certamente que há outras coisas desagradáveis que infelizmente se passam na Venezuela e esperemos que não se repitam neste domingo”.

A delegação vai escrever uma carta à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, “recomendando que haja reciprocidade no tratamento dos dignatários venezuelanos”, ou seja, que “o acesso ao Parlamento Europeu por parte das autoridades venezuelanas – mantendo-se este Governo – seja o mesmo que nós tivemos e que não possam entrar nas instituições europeias”, clarificou o português.
“Que país livre e transparente expulsa visitantes?”
Antes de chegar a Portugal, o eurodeputado tinha já dito estar “magoado, ofendido, preocupado com o que possa acontecer na Venezuela amanhã”, domingo.

"Como português estou. Porque eu, como eurodeputado português, tenho que defender a democracia, os Direitos Humanos e eleições livres e transparentes. Que país livre e transparente expulsa visitantes antes das eleições? Nenhum", afirmou Sebastião Bugalho em Madrid.

Fontes do PPE avançaram entretanto à agência espanhola EFE que a razão pela qual não foram admitidos foi o facto de terem votado uma série de resoluções no Parlamento Europeu.

“Nunca nos colocámos como observadores eleitorais. Nunca. E fomos expulsos como se fossemos observadores eleitorais. Fui expulso por uma votação quando fui eleito há um mês. É profundamente rídiculo”, explicou Sebastião Bugalho.
Venezuela fechada por terra, ar e mar
O presidente Nicolás Maduro fechou o país por terra, ar e mar até segunda-feira devido às eleições, justificando a decisão com motivos de segurança. Vários ex-presidentes da América Latina convidados pela oposição também ficaram para trás.

“É evidente que Maduro é um ditador que domina e fala sobre companhias aéreas, sobre voos, sobre pessoas e muito mais. Rejeito totalmente esse ditador”, declarou Vicente Fox, antigo presidente do México.

Já a antiga presidente do Panamá, Mireya Moscoso, afirmou que os venezuelanos “estão famintos por votar contra um regime que os tem mantido na miséria durante muitos anos”.

Mais de 21 milhões de venezuelanos são chamados às urnas nestas eleições presidenciais, cuja campanha eleitoral ficou marcada por um clima de grande tensão no país, em plena crise económica, social e política.
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