O eurodeputado socialista Francisco Assis apelou hoje à Comissão Europeia para que proteja Venâncio Mondelane e exigiu ao Parlamento Europeu (PE) que se pronuncie sobre a "violação grosseira" dos direitos humanos em Moçambique.
"O que se está a passar em Moçambique não pode ser ignorado pela comunidade internacional. O PE tem o dever de se pronunciar sobre o assunto e de condenar o comportamento que tem vindo a ser prosseguido pelas autoridades moçambicanas", escreveu Francisco Assis na rede social Instagram.
O eurodeputado do PS acrescentou que vai pedir um debate de urgência sobre a situação em Moçambique.
Denunciando uma "violação grosseira" dos direitos humanos através da repressão policial dos manifestantes, o europarlamentar também apelou à Comissão Europeia que "encete as melhores diligências tendo em vista a salvaguarda da integridade física de Venâncio Mondelane".
O candidato presidencial Venâncio Mondlane encontra-se em Maputo "em segurança", disse hoje à Lusa fonte próxima do político, depois de esta manhã a polícia ter dispersado, com tiros e gás lacrimogéneo, uma multidão que o ouvia, com pessoas atingidas.
"Está em segurança, encontra-se hospedado em Maputo. Está bem", disse à Lusa fonte próxima do candidato.
Na intervenção que fazia, na zona do Mercado Estrela, cerca das 10:00 locais (menos duas horas em Lisboa), Venâncio Mondlane voltou a dizer, como o fez em declarações aos jornalistas à chegada ao aeroporto de Maputo, ao início da manhã, que vai até às últimas consequências pela reposição da verdade eleitoral, reafirmando-se vencedor das eleições gerais de 09 de outubro.
Ao fim de alguns minutos, ao falar aos apoiantes em cima de um carro de som, em que simbolicamente voltou a prestar juramento do que autointitulou tomada de posse, e depois de vários disparos e gás lacrimogéneo lançado pelas forças de segurança, uma carga policial provocou a fuga generalizada, logo o após o apelo para desmobilização de Venâncio Mondlane.
Quase 300 pessoas morreram e mais de 600 foram baleadas desde o início dos protestos pós-eleitorais, segundo o último relatório da organização não-governamental Plataforma Decide.