Se "ocorresse um ataque sem precedentes" por parte da China, as forças norte-americanas defenderiam Taiwan. A garantia é de Joe Biden, em declarações numa entrevista, embora assuma que não está a "encorajar" a ilha a declarar independência.
No programa “60 Minutos”, da CBS, o presidente dos Estados Unidos foi questionado sobre se “os norte-americanos defenderiam Taiwan no caso de uma invasão chinesa” e garantiu que "sim, se de facto ocorresse um ataque sem precedentes”.
Washington mantém há muito uma postura de "ambiguidade estratégica", não se comprometendo a defender Taiwan, mas também não descarta a possibilidade. Depois das declarações de Biden no domingo, a Casa Branca esclareceu que a posição norte-americana nesta questão se mantém.
"O presidente já tinha afirmado isto antes, inclusive em Tóquio no início deste ano. Também deixou claro que a nossa política sobre Taiwan não mudou. Isso continua a ser verdade", lê-se em comunicado.
O chefe de Estado nore-americano fez ainda questão de sublinhar que não estava a “encorajar” a ilha a declarar a independência.
"Há uma política de "Uma China" e Taiwan faz os seus próprios julgamentos sobre a sua independência. Não estamos a mudar, nem a encorajar a sua independência - essa decisão é deles", disse na entrevista.
Taiwan é uma ilha autónoma na costa leste da China que Pequim reivindica como parte do seu território. O Governo chinês considera mesmo que Taiwan, com uma população de cerca de 23 milhões de habitantes, é uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa (em 1949).
Mas a posição dos Estados Unidos nesta questão foi sempre ambígua. Por um lado, adere à política de "Uma China", como base na relação com Pequim, reconhecendo que existe apenas um Governo chinês e que, por isso, têm laços formais com Pequim e não com Taiwan.
Mas, por outro, também mantém relações estreitas com Taiwan, através da venda de armas sob a Lei de Relações de Taiwan, que afirma que os EUA devem fornecer à ilha os meios para se defender.
Mas a posição dos Estados Unidos nesta questão foi sempre ambígua. Por um lado, adere à política de "Uma China", como base na relação com Pequim, reconhecendo que existe apenas um Governo chinês e que, por isso, têm laços formais com Pequim e não com Taiwan.
Mas, por outro, também mantém relações estreitas com Taiwan, através da venda de armas sob a Lei de Relações de Taiwan, que afirma que os EUA devem fornecer à ilha os meios para se defender.
"Há apenas uma China no mundo"
Não é a primeira vez que as declarações de Joe Biden incomodam Pequim. Já em maio o presidente dos EUA afirmara que Washington iria intervir militarmente em apoio a Taiwan, no caso de uma invasão da China. Depois voltou atrás, afirmando o compromisso com a “ambiguidade estratégica”.
Facto é que esta “ambiguidade estratégica”, que consiste em Washington se abster de dizer se os Estados Unidos interviriam ou não militarmente para defender Taiwan em caso de invasão, tem ajudado até agora a manter uma certa estabilidade na região.
Facto é que esta “ambiguidade estratégica”, que consiste em Washington se abster de dizer se os Estados Unidos interviriam ou não militarmente para defender Taiwan em caso de invasão, tem ajudado até agora a manter uma certa estabilidade na região.
Taiwan respondeu, entretanto, às declarações de Biden, saudando o "compromisso de segurança sólido do Governo dos EUA com Taiwan" e assegurando que se manterá a "estreita parceria de segurança" com Washington.
Em resposta à entrevista de Biden, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China relembrou que só "há uma China no mundo".
"Taiwan faz parte da China e o Governo da República Popular da China é o único governo legítimo da China", disse, citado pela Reuters.
Já em maio, a diplomacia chinesa reafirmou que "Taiwan é uma parte inalienável do território da China" e que este assunto é "puramente interno da China que não tolera interferência estrangeira".
A pressão sobre Taiwan tem aumentado desde que Xi Jinping chegou ao poder em Pequim, há uma década. Mas as tensões atingiram o nível mais alto em décadas no mês passado. A China conduziu exercícios militares em grande escala em torno de Taiwan, uma demonstração de força sem precedentes em retaliação a uma visita a Taipé da speaker da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi.