EUA tentaram trocar Navalny antes da morte do opositor de Putin

por Cristina Santos - RTP
Elizabeth Whelan, irmã de Paul Whelan, agradece e segura a mão de Joe Biden. Reuters

A morte do maior opositor de Putin acabou com o plano. O conselheiro para a segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, admitiu esta quinta-feira que se tentou alcançar um acordo "que teria incluído Alexei Navalny mas, infelizmente, ele morreu" em fevereiro, em circunstâncias não esclarecidas.

Vários amigos e aliados russos de Navalny defendem que o opositor de Putin não foi libertado por intervenção direta do presidente russo. Leonid Volkov, ex-estratega e assessor de longa data de Alexey Navalny, escreve na aplicação de mensagens Telegram que "sim. Esta é a troca na qual, como esperávamos, Alexei Navalny deveria sair em liberdade, em fevereiro”.

Os comentários surgem no dia em que decorreu a maior troca de prisioneiros, entre o Ocidente e a Rússia, desde a Guerra Fria. 

Entre os prisioneiros libertados estão jornalistas, ativistas políticos, artistas e opositores à guerra na Ucrânia. O mais novo tem 19 anos e o mais velho 71.

Esta troca foi mediada pela Turquia que conta que 10 prisioneiros, incluindo dois menores, foram transferidos para a Rússia, 13 para a Alemanha e três para os Estados Unidos.

Entre os oito russos detidos no Ocidente encontram-se alegados espiões "adormecidos" que tinham uma vida dupla. Outros foram condenados por pirataria informática. Um foi preso pelo assassínio, a tiro, de um homem num parque de Berlim.
Alguns dos prisioneiros libertados pelo Ocidente

Putin recebe prisioneiros libertados, Foto: Anadolu via AFP

Vadim Krasikov, antigo coronel de alta patente do FSB, cumpria uma pena de prisão perpétua numa prisão alemã, condenado pelo assassínio, em 2019, de um antigo combatente checheno, em Berlim. No início de 2024, os Estados Unidos estavam a negociar a troca desta alta patente do Serviço de Segurança russo por Alexey Navalny então líder da oposição russa.

Vadim Konoshchenok, foi acusado de conspiração pelo envolvimento numa rede global de aquisições e de branqueamento de capitais em nome do governo russo e alegadamente com ligações ao FSB, a agência de informação russa.

Roman Seleznev, um hacker condenado e burlão de cartões de crédito que estava a cumprir uma pena de 27 anos nos EUA.

Artem Dultsev, um espião russo que vivia na Eslovénia apresentando-se como um empresário do setor das tecnologias da informação chamado Ludvig Gish.

Anna Dultseva, declarou-se culpada de espionagem, fez-se passar por negociante de arte e galerista e pensa-se que era casada com Dultsev.

Mikhail Mikushin, espião russo detido na Noruega em 2022, trabalhava na Universidade de Tromsø, no Círculo Polar Ártico, fazendo-se passar por um investigador brasileiro.

Pavel Rubtsov, espião russo que vivia na Polónia sob identidade falsa de ser um jornalista espanhol chamado Pablo Gonzalez. Cidadãos e residentes norte-americanos libertados
Foto: Reuters

Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal, foi condenado a 16 anos de prisão por espionagem em julho, o primeiro jornalista americano a ser detido por espionagem na Rússia desde a Guerra Fria.

Paul Whelan, antigo fuzileiro dos EUA, passou quase seis anos em prisões desde 2018 por acusações de espionagem.

Alsu Kurmasheva, jornalista russo-americana foi condenada a seis anos e meio de prisão, depois de ter sido condenada por divulgar informações falsas sobre o exército russo.

Vladimir Kara-Murza, político da oposição russa e defensor dos direitos humanos, foi condenado a 25 anos de prisão por traição porque condenou a invasão da Rússia na Ucrânia.
Alguns cidadãos alemães libertados

Chanceler alemão sobre libertação de reféns. Foto: AFP

Rico Krieger, condenado à morte na Bielorrússia em junho, depois de ter sido acusado de terrorismo e de atividades mercenárias.

Kevin Lik, tem dupla nacionalidade (russa e alemã) e foi condenado por alta traição acusado de fotografar e filmar equipamento e pessoal militar russo.

Patrick Schoebel foi detido em São Petersburgo alegadamente por transportar um saco com gomas de canábis.Na oposição russa foram libertadas várias figuras próximas de Alexey Navalny ou ativistas dos direitos humanos, como Oleg Orlov, líder do grupo Memorial, galardoado com o Prémio Nobel.


Foto: Reuters

Alexandra Skochilenko, artista russa também foi libertada, depois de condenada a sete anos de prisão em 2023, por substituído as etiquetas de preço de produtos, numa mercearia, por mensagens contra a guerra na Ucrânia.

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