EUA. Surto de sarampo no Texas faz primeiras vítimas mortais
Pelo menos uma criança hospitalizada com sarampo morreu na noite de quarta-feira, no oeste do Texas, confirmou esta quarta-feira a porta-voz do Texas Tech University Health Sciences Center, Melissa Whitfield.
Kennedy Jr garantiu que a situação está a ser acompanhada, mas garantiu que a situação não é “anormal”. “Temos surtos de sarampo todos os anos”, afirmou. Embora o sarampo tenha sido declarado erradicado do país em 2000, graças à vacinação, os contágios voltaram a aumentar nos últimos anos, graças à queda das taxas de vacinação registadas desde a pandemia de Covid-19.
A confirmar-se o segundo caso, estas são as primeiras mortes por sarampo registadas nos Estados Unidos em quase dez anos, aumentando o receio de um regresso desta grave doença.
Há também nove casos no leste do Novo México, mas as autoridades dos dois Estados não tinham até há poucos dias qualquer prova a relacionar os casos, apesar de estarem centrados no condado de Lea, que faz fronteira com o condado de Gaines, o mais afetado no Texas.
Gaines, um dos condados onde quase 14 por cento das crianças do ensino fundamental e médio não receberam pelo menos uma vacina obrigatória no ano letivo de 2023-24, registou até agora a maioria dos casos de sarampo, 80.
Logo depois surge Brownfield, no condado de Terry, com 21 casos.
O presidente da Câmara de Brownfield, Eric Horton, um republicano, disse acreditar na segurança da vacina conjunta contra o sarampo, a papeira e a rubéola (VASPR) porque é utilizada há muitos anos e impediu a propagação do sarampo nos EUA.
Um estudo desacreditado
O atual presidente, Donald Trump, prometeu que Kennedy Jr., um cético assumido sobre os processos de vacinação implementados nos EUA, iria debruçar-se sobre a suspeita, dando-lhe algum crédito.
Apesar disso, sabe-se que teoria teve origem em informações falsas difundidas pelo estudo de 1998, que foi depois retirado pelo jornal de medicina que o publicou.
Vários estudos científicos, repetidos nos EUA e no exterior, não encontraram provas de que as vacinas em geral ou aquelas com timerosal, ou tiomersal, causem autismo. O conservante foi entretanto removido das imunizações infantis de rotina, para sossegar o público e, embora permaneça em algumas vacinas contra a gripe, existem versões sem timerosal.
A vacina VASPR é segura e altamente eficaz na prevenção da infeção pelo sarampo e de casos graves da doença, com a primeira dose a ser recomendada para crianças entre os 12 e os 15 meses e a segunda entre os 4 e os 6 anos.
A série de vacinas é obrigatória para as crianças antes de ingressarem no jardim de infância nas escolas públicas de todos os Estados Unidos.
Antes da introdução da vacina em 1963, os EUA registavam cerca de três a quatro milhões de casos de sarampo por ano. Agora, são geralmente menos de 200 num ano normal.
A diferença pode contudo relacionar-se com o aumento dos diagnósticos e pelo facto de muitos casos de perturbações de comportamento, que teriam sido anteriormente classificados de outra forma, serem agora abrangidos no âmbito das "desordens autísticas".
"A maior parte do aumento nas últimas décadas ocorreu em crianças e adultos relativamente levemente afetados que, talvez no passado, não teríam sido classificados como autismo", explicou Maureen Durkin, professora de ciências da saúde populacional na Universidade de Wisconsin-Madison.