EUA sancionam autoridades da Geórgia devido a nova lei que limitará liberdade de imprensa

por Lusa

Os Estados Unidos sancionaram hoje dezenas de responsáveis da Geórgia, em resposta à promulgação da lei que desencadeou semanas de protestos no país, por restringir a liberdade de imprensa e comprometer as hipóteses de adesão à União Europeia.

A imposição de proibições de entrada em território norte-americano a governantes, membros do partido no poder o Sonho Georgiano, agentes da autoridade, deputados, cidadãos comuns e familiares ocorreu três dias depois de o presidente do parlamento da Geórgia ter promulgado o diploma, na sequência da anulação do veto presidencial pelos parlamentares.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, não identificou as pessoas visadas pela medida, devido à legislação sobre a confidencialidade de vistos, mas afirmou que "algumas dezenas" de pessoas foram alvo dela, por atividades antidemocráticas.

"Estas ações arriscam-se a fazer descarrilar o futuro europeu da Geórgia e vão contra a Constituição da Geórgia e os desejos do seu povo", declarou Miller.

Segundo o porta-voz, estas sanções constituem um primeiro passo e serão aplicadas mais sanções, se a Geórgia não mudar de rumo.

O secretário de Estado, Antony Blinken, tinha alertado para a possibilidade de imposição de sanções, após a aprovação inicial do projeto de lei pelo parlamento de Tbilissi, no mês passado.

Referiu também que Washington estava a rever toda a sua ajuda à Geórgia, que ascendeu a um total de 390 milhões de dólares (358 milhões de euros) nos últimos anos.

Na segunda-feira, o presidente do parlamento da Geórgia, Shalva Papuashvili, assinou o diploma, confirmando a reversão do veto da Presidente da República, Salome Zurabichvili, ao projeto de lei.

A nova legislação exige que os meios de comunicação social, as organizações não-governamentais e outros grupos sem fins lucrativos que recebam mais de 20% do seu financiamento do estrangeiro se registem junto das autoridades georgianas como "perseguindo os interesses de potências estrangeiras".

O Governo argumentou que a lei é necessária para travar o que considera serem atores estrangeiros nocivos que estão a tentar destabilizar o país de 3,7 milhões de habitantes do sul do Cáucaso.

Muitos jornalistas e ativistas sustentam que o verdadeiro objetivo do novo diploma é estigmatizá-los e restringir o debate antes das eleições parlamentares marcadas para outubro.

A oposição georgiana batizou-a como "a lei russa", por se assemelhar às medidas adotadas pelo Kremlin (sede da Presidência da Rússia) para reprimir os meios de comunicação social independentes, as organizações sem fins lucrativos e os ativistas políticos.

Segundo membros da oposição, a medida poderá mesmo ter sido impulsionada por Moscovo para impedir a integração da Geórgia no Ocidente.

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