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Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

EUA, Reino Unido e França qualificam de desinformação alegações russas de `bomba suja`

por Lusa

O embaixador britânico junto da ONU, James Kariuki, disse hoje que as alegações russas de desenvolvimento pela Ucrânia de `bombas sujas` são apenas um novo capítulo na prolongada desinformação e propaganda Rússia.

Após uma reunião à porta fechada no Conselho de Segurança para debater as acusações russas, o diplomata do Reino Unido apresentou à imprensa alguns dos detalhes do encontro, indicando que ele, juntamente com os representes da França e dos Estados Unidos na ONU, "foram claros nas suas posições de que tudo não passam de alegações falsas" de Moscovo.

"São alegações falsas. Desinformação como a que vimos antes. Não foi apresentada nenhuma prova. A Ucrânia tem sido clara de que não tem nada a esconder e inspetores da Organização Internacional de Energia Atómica (OIEA) estão a caminho", disse Kariuki.

"Temos de ser claros: isto é pura desinformação por parte da Rússia, como já vimos muitas vezes, e isto tem de acabar", frisou.

O embaixador indicou ainda que a Rússia convocou três reuniões esta semana perante o Conselho de Segurança, o que, na visão de James Kariuki, é apenas uma forma de fazer o órgão das Nações Unidas "perder tempo".

"A Rússia pediu três reuniões esta semana: a reunião sobre `bombas sujas` de hoje, uma sobre armas biológicas e outra para explicarem porque é que se recusaram a permitir uma inspeção da ONU sobre os `drones` (aeronaves não-tripuladas) provenientes do Irão. Estão a fazer-nos perder o nosso tempo com desinformação", concluiu.

O Conselho de Segurança da ONU debateu hoje à porta fechada as acusações da Rússia, que afirma que a Ucrânia fabricou uma `bomba suja`, alegações rejeitadas por Kiev e pelo Ocidente.

O debate foi pedido pela Rússia, cujo embaixador, Vassili Nebenzia, enviou uma carta ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em que insiste nas acusações à Ucrânia.

Uma bomba radioativa, ou `bomba suja`, consiste em explosivos convencionais cercados por materiais radioativos que são disseminados como pó no momento da explosão.

Logo após a reunião, o representante permanente adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, afirmou que saiu "satisfeito" do encontro, uma vez que "conseguiu alertar para a questão".

"Nós explicamos que uma `bomba suja` não é um dispositivo sofisticado para se ser criado. É muito difícil detetar a criação destas bombas, mas nós temos informações dos nossos serviços, que partilhamos numa carta enviada ao secretário-geral. Indicamos que há, pelo menos, duas instalações que têm capacidades científicas para fabricar estas bombas na Ucrânia", disse Polyanskiy a jornalistas.

De acordo com o diplomata, as duas instalações em causa são o `Kharkov Institute of Physics and Technology` e o `Institute for Nuclear Research of the National Academy of Sciences of Ukraine`, localizado em Kiev.

Questionado sobre como é que obteve essas informações, Polyanskiy disse que são provenientes dos serviços de informações russos, recusando-se a fornecer mais detalhes.

"Estamos satisfeitos. Conseguimos o que queríamos, que era alertar para esta questão. Claro que os colegas ocidentais dizem que tudo é propaganda russa, mas estamos satisfeitos porque alertamos para a questão", disse.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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