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EUA reforçam presença militar no Médio Oriente para "diminuir a tensão" e "defender Israel"

por Cristina Sambado - RTP
Vista aérea dos porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos USS Gerald R. Ford e USS Dwight D. Eisenhower juntos no Mediterrâneo Anadolu via AFP

Os Estados Unidos estão a enviar forças militares adicionais para o Médio Oriente como medida de defesa e com o objetivo declarado de diminuir as tensões na região, afirmou nas últimas horas o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca. Jonathan Finer acrescentou, todavia, que a máquina de guerra norte-americana está a preparar-se "para qualquer possibilidade".

"O objetivo geral é diminuir a tensão na região e evitar um conflito regional", disse Jonathan Finer no programa Face the Nation, da CBS.

"Não vou dizer o que espero que o Irão faça porque não queremos mostrar o nosso jogo, mas estamos a preparar-nos para qualquer possibilidade, tal como fizemos antes de 13 de abril, quando o Irão atacou Israel e os EUA e uma coligação dos nossos parceiros e aliados trabalharam com Israel para rechaçar este ataque”, acrescentou.
Segundo Finer, “atualmente, o Pentágono está a enviar ativos significativos para a região para se preparar para defender de novo Israel de um ataque, ao mesmo tempo que nos esforçamos por reduzir a tensão através da diplomacia, porque cremos que uma guerra regional não é do interesse de ninguém no atual momento. É algo que temos tentado evitar desde 7 de outubro”.
É cada vez maior o receio de que a guerra de Israel contra os militantes palestinianos em Gaza, que teve início após o ataque do Hamas de 7 de outubro, possa transformar-se num conflito mais vasto no Médio Oriente.
Já o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos justifica o destacamento de meios adicionais para a região com a necessidade de evitar a escalada de uma guerra regional.

Continuamos a acreditar que um cessar-fogo é a melhor maneira de acabar com esta guerra. E acreditamos que é muito possível. Ainda cremos que as divergências são suficientemente pequenas para se fecharem. Outra coisa que temos feito desde 7 de outubro é garantir que Israel não só tem o que precisa para se defender, mas que não haja uma escalada para uma guerra regional, um conflito regional. E é isso que continuamos a fazer esta semana, enviando forças adicionais para a região”, afirmou John Kirby.
O Irão, o movimento radical palestiniano Hamas e o Hezbollah xiita libanês responsabilizaram Israel pela morte, na quarta-feira, do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado na sua residência em Teerão. No dia anterior, Israel reivindicou a responsabilidade por um ataque que matou o chefe militar do movimento libanês, Fouad Chokr, perto de Beirute.

O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, ameaçou Israel com um "castigo severo" e o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, com uma "batalha aberta em todas as frentes", com o Hamas e os rebeldes Houthi do Iémen a prometerem ripostar.

Para o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, “quando o líder supremo diz que vai vingar-se, temos de o levar a sério. Não sei o que vão fazer ou quando, mas temos de garantir que estamos prontos e temos capacidades na região para ajudar Israel a defender-se, e muito francamente, defender-nos a nós, as nossas instalações, os nossos interesses de segurança nacional”.

Estamos a fazer todos os possíveis, em estreita coligação com os nossos aliados israelitas e outros parceiros e aliados na região para garantir que esta situação não escapa ao controlo, incluindo o contexto de fornecer ativos americanos significativos e ajuda de outros países para defender Israel se voltar a ser preciso”, frisou.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deverá reunir-se com a sua equipa de Segurança Nacional, esta segunda-feira, para discutir "os desenvolvimentos no Médio Oriente", informou a Casa Branca.
As tensões regionais aumentaram após o assassinato, na semana passada, do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, um dia depois de um ataque israelita em Beirute ter matado Fuad Shukur, um comandante militar de topo do grupo libanês Hezbollah. Ambos os grupos são apoiados pelo Irão, que jurou vingança.
Biden falará também com o rei Abdullah II da Jordânia, informou a Casa Branca, numa altura em que os EUA lançam uma nova ronda de diplomacia com o objetivo de arrefecer as tensões.

Durante uma conversa entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, no domingo, al-Sudani disse ao diplomata norte-americano que a prevenção do alastramento do conflito estava ligada ao fim da "agressão" israelita na Faixa de Gaza, segundo a imprensa estatal iraquiana.

Tanto o Hezbollah, no Líbano, como os houthis, no Iémen, afirmaram ter lançado ataques contra Israel e outros países em solidariedade com os palestinianos em Gaza, onde quase 40 mil pessoas foram mortas e dezenas de milhares ficaram feridas em ataques israelitas desde 7 de outubro, quando militantes do Hamas mataram 1.200 pessoas no sul de Israel e fizeram 250 reféns.

Israel não comentou o ataque a Ismail Haniyeh, mas prometeu destruir o Hamas após o ataque sem precedentes do movimento no seu território, a 7 de outubro, que desencadeou a devastadora guerra em Gaza.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou no domingo que o exército estava "pronto a reagir rapidamente ou a atacar".


Mas "por enquanto" a política de defesa interna "não mudou", disse à imprensa o porta-voz do exército, contra-almirante Daniel Hagari, em resposta aos "rumores" de que o país tinha sido colocado em alerta.
Estrangeiros devem abandonar o Líbano
Os apelos para que os cidadãos estrangeiros abandonem o Líbano e até o Irão estão a aumentar, devido ao receio de uma escalada militar entre o Irão e os seus aliados, por um lado, e Israel, por outro, que a comunidade internacional está a tentar evitar.

Na expetativa de uma resposta do Irão e dos seus aliados aos assassinatos do chefe do Hamas e do chefe militar do Hezbollah libanês, os esforços diplomáticos estão a ser intensificados.

O presidente francês Emmanuel Macron e o rei jordaniano Abdullah II apelaram no domingo para que uma escalada fosse evitada "a todo o custo".

Com o Líbano em risco de estar na linha da frente de uma escalada, a Suécia, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França, a Jordânia e a Arábia Saudita apelaram aos seus cidadãos para abandonarem o país. Paris também pediu aos cidadãos franceses que vivem no Irão para "abandonarem temporariamente" o país.

No sábado, o Canadá apelou aos seus cidadãos - que já tinham sido convidados a abandonar o Líbano desde o final de junho - para "evitarem" viajar para Israel.

A embaixada britânica anunciou no domingo a retirada temporária das famílias do seu pessoal em Beirute.

O chefe da diplomacia jordana, Ayman Safadi, cujo país é um parceiro-chave de Washington, manteve conversações em Teerão com o seu homólogo e Presidente, Massoud Pezeshkian.

Reunidos por videoconferência, os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 manifestaram a sua "profunda preocupação" com a situação no Médio Oriente, segundo os representantes diplomáticos italianos.

Várias companhias aéreas suspenderam os seus voos para Beirute
, incluindo a alemã Lufthansa até 12 de agosto, e a Air France e a Transavia até terça-feira inclusive. A Kuwait Airways suspenderá os seus voos a partir de segunda-feira e a Catar Airways cancelou os seus voos noturnos para Beirute.

A Lufthansa suspendeu igualmente os seus voos para Telavive até 8 de agosto.

No aeroporto de Beirute, a situação é de longas filas de espera e de incerteza para os passageiros.


O Ministério libanês da Saúde afirmou na noite de domingo que um "ataque inimigo israelita" tinha matado duas pessoas em Houla, no sul do país.

Anteriormente, o exército israelita tinha anunciado que tinha "identificado um terrorista do Hezbollah a entrar numa estrutura militar" na zona e que o tinha "atingido". O Hezbollah comunicou a morte de dois dos seus combatentes, sem especificar o local onde foram mortos.A violência transfronteiriça já causou 547 mortos, dos quais 115 civis, no Líbano, desde que o Hamas atacou Israel em outubro, segundo uma contagem da AFP.

A guerra em Gaza levou à abertura de frentes contra Israel por parte do Hezbollah e dos Houthis, que, juntamente com o Hamas e os grupos armados iraquianos, formam o que o Irão chama de "eixo de resistência" contra Israel.


No sábado, o Hezbollah afirmou ter atingido pela primeira vez a cidade de Beit Hillel, no norte de Israel, com dezenas de foguetes, e o exército israelita retaliou com ataques no sul do Líbano, onde desde 8 de outubro se verificam trocas de tiros quase diárias na fronteira israelo-libanesa.

Do lado israelita, as sirenes voltaram a tocar ao início desta segunda-feira na Alta Galileia, devido a um ataque aéreo "proveniente do Líbano", informou o exército, que referiu dois soldados feridos.Ataques israelitas a Gaza prosseguem
Os ataques israelitas em Gaza prosseguiram no domingo com ataques mortais a duas escolas na cidade de Gaza e a um hospital.

Pelo menos 30 pessoas que se abrigavam nas escolas Hassan Salama e al-Nasser, que albergavam famílias deslocadas pelos combates, foram mortas, incluindo crianças, e dezenas de outras ficaram feridas, informou o serviço de emergência civil de Gaza. Israel confirmou os ataques e afirmou que tinha como alvo os centros de comando do Hamas nas escolas.

c/ agências
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