EUA opõem-se às acusações "infundadas" de "genocídio" da Amnistia contra Israel

por Lusa

Os Estados Unidos repudiaram hoje as acusações de "genocídio" em Gaza feitas contra Israel pela Amnistia Internacional (AI), com o Departamento de Estado norte-americano a considerá-las "infundadas".

"Não concordamos com as conclusões de tal relatório. Já dissemos antes e continuamos a acreditar que as alegações de genocídio são infundadas", afirmou Vedant Patel, porta-voz adjunto do Departamento de Estado, em declarações à imprensa.

A Amnistia Internacional publicou hoje um relatório acusando Israel de "cometer genocídio" contra os palestinianos na Faixa de Gaza desde o início da guerra, a 07 de outubro de 2023, apelando à comunidade internacional para não ser "cúmplice".

Vedant Patel acrescentou que os Estados Unidos, o principal fornecedor de armas e principal aliado de Israel, continuam preocupados com a guerra na Faixa de Gaza, que dura há 14 meses.

No entanto, o porta-voz norte-americano distanciou-se da posição israelita, que qualificou a organização de "deplorável e fanática".

"As organizações da sociedade civil, como a Amnistia Internacional, os grupos de defesa dos direitos humanos e as organizações não-governamentais (ONG) continuam a desempenhar um papel vital na informação e na análise sobre Gaza", acrescentou.

O desacordo dos Estados Unidos com o relatório da Amnistia Internacional "não altera a nossa preocupação constante com o impacto que este conflito está a ter na população civil e nas mortes de civis", afirmou.

A secção israelita da AI contestou também as acusações da `organização-mãe` e apelou a uma investigação de "crimes graves".

A posição da Amnistia Internacional "não é a da Amnistia Israel", reagiu esta última na respetiva página na Internet.

"[A secção israelita da Amnistia Internacional] não aceita a acusação de que Israel está a cometer genocídio, com base nas informações de que dispõe", referiu num comunicado publicado no `site`, afirmando-se, contudo, "preocupada" com "o facto de terem sido cometidos crimes graves em Gaza".

"Estes crimes devem ser investigados", assinalou na mesma nota informativa.

"Mês após mês, Israel tem tratado os palestinianos de Gaza como um grupo de sub-humanos, indignos de respeito pelos direitos humanos e pela dignidade, demonstrando a sua intenção de os destruir fisicamente", afirmou a secretária-geral da organização internacional de defesa e promoção dos direitos humanos, Agnès Callamard.

O relatório de 300 páginas da Amnistia Internacional destaca "elementos suficientes para concluir que Israel cometeu e continua a cometer genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza" desde o ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas, a 07 de outubro de 2023, no sul de Israel, que desencadeou a atual guerra.

No relatório, a Amnistia Internacional denunciou também a existência de crimes perpetrados pelo Hamas, anunciando paralelamente que publicará em breve um relatório sobre a ação que considera criminosa do movimento palestiniano, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

No dia 07 de outubro de 2023, o movimento islamita palestiniano Hamas lançou um ataque sem precentende no sul de Israel, causando cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, a retaliação israelita já causou a morte de 44.580 em Gaza, a maioria civis, segundo os dados hoje divulgados pelo Ministério da Saúde do enclave palestiniano, tutelado pelo Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

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