EUA. Mercenários para combaterem ao serviço de Guaidó, procuram-se

por RTP
Dustin Heard, um dos mercenários condenados num tribunal norte-americano pelo massacre de Bagdade Jonathan Ernst, Reuters

O fundador da Blackwater, empresa norte-americana de "segurança privada", tem estado desde há meses a preparar o recrutamento de indivíduos com experiência militar com vista a uma guerra na Venezuela, noticiou a Reuters.

Segundo a agência noticiosa, que cita quatro fontes conhecedoras da campanha de recrutamento, a recolha de fundos está em curso pelo menos desde meados de abril e tem contado substanciais contribuições de exilados venezuelanos e de apoiantes do presidente Donald Trump.
Um plano ambicioso
O objectivo da recolha de fundos apontaria num primeiro momento para os 40 milhões de dólares, mas pretende, na fase seguinte, obter acesso a fundos provenientes dos milhares de milhões de dólares da venda de petróleo venezuelano, de contas congeladas em vários países que cortaram relações com a Venezuela.

Segundo duas das fontes citadas pela Reuters, o plano tem tido como principal dinamizador Erik Prince, o fundador da Blackwater e visa organizar 5.000 mercenários para combaterem ao serviço do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.

Os mercenários a recrutar deverão ser colombianos, peruanos e equadorianos, em todo o caso hispanófonos, por serem politicamente mais aceitáveis do que mercenários norte-americanos. 
Trump não se compromete publicamente
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Garrett Marquis, não confirmou nem desmentiu que Prince tenha proposto o plano à Administração Trump. Uma fonte da Casa Branca citada pela Reuters afirmou entretanto que o Governo de Trump não se envolverá no apoio ao plano.

Um porta-voz de Guaidó, Edward Rodriguez, recusou responder a perguntas da Reuters, excepto sobre a existência de contactos de membros da oposição com Erik Prince para discutir o plano. A essa pergunta, respondeu pela negativa. Contudo, alguns activistas do séquito de Guaidó afirmaram considerar possivelmente útil um plano com estas características, no caso de o regime de Maduro entrar em colapso.

Um porta-voz de Prince, Marc Cohen, tinha dito antes que a Blackwater "não tem planos para operar ou implementar uma operação na Venezuela".

O Governo de Nicolás Maduro também recusou comentar a notícia da Reuters.
O passado sombrio da Blackwater
A Blackwater, que detinha suculentos contratos na ocupação do Iraque, tem estado longe do foco das atenções, desde que, em 2007, funcionários seus abateram 17 civis iraquianos numa praça central de Bagdade. Um desses funcionários foi condenado por assassínio e três outros por homicídio.

Desde então, a Blackwater adoptou um perfil baixo, acabando por mudar de nome e ser vendida em 2010. Prince fundou entretanto uma nova empresa, de nome Blackwater USA, que oficialmente se limita a vender munições, silenciadores e outro material militar.

Prince foi um dos apoiantes da candidatura de Trump à presidência e a sua irmã, Betsy DeVos, é a secretária da Educação no actual Governo. Porém, ele não tem obtido nenhum sucesso digno de nota na porfiada campanha dos últimos dois anos para convencer a Administração Trump de que, no contexto de uma retirada do Afeganistão, as empresas de segurança poderiam substituir eficazmente as tropas regulares de ocupação.

Prince tem averbado mais êxitos ao serviço de firmas chinesas que operam em África nos ramos da segurança, da aviação e da logística.

O nome de Prince surge envolvido no relatório Mueller, mas o seu porta-voz recusou comentar o envolvimento.
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