Um gorila do Jardim Zoológico de San Diego, nos EUA, recuperou da Covid-19 após receber tratamento com anticorpos monoclonais. O gorila, já idoso, está entre os oito animais da mesma espécie que testaram positivo à Covid-19 naquele jardim zoológico, no que se acredita ser o primeiro caso conhecido de infeção por SARS-CoV-2 entre estes primatas.
Tudo indica que os animais tenham contraído a doença através de um funcionário do Jardim Zoológico que estava infetado, mas assintomático. Os oito gorilas-ocidentais-das-terras-baixas foram infetados com uma “nova e mais contagiosa variante do vírus, recentemente identificada na Califórnia”, segundo anunciou o Jardim Zoológico em comunicado.
Após a confirmação da infeção, os gorilas foram colocados em quarentena no parque. O membro mais velho, um gorila de 48 anos chamado Winston, foi diagnosticado com uma doença cardíaca e pneumonia. Devido a estas comorbilidades, o primata foi tratado com medicamentos para o coração, antibióticos e anticorpos monoclonais – um tratamento que usa anticorpos sintéticos para diminuir os efeitos do vírus. Esta terapia com anticorpos teve origem “num suplemento não permitido para uso humano”, explica a equipa do Jardim Zoológico.
Desde que recebeu o tratamento, o gorila tem estado mais ativo. “A equipa veterinária que tratou o Winston acredita que os anticorpos podem ter contribuído para a sua capacidade de superar o vírus”, lê-se no comunicado.
Os tratamentos com anticorpos monoclonais usados para tratamento humano mostraram reduzir a carga viral, o risco de hospitalização e até de letalidade. O antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi tratado com um cocktail destes anticorpos quando esteve infetado.
Com a ajuda dos veterinários, profissionais e especialistas, todos estes primatas estão a apresentar uma boa recuperação da doença. “Os oitos gorilas estão a comer, beber, a interagir uns com os outros e a caminho de uma recuperação total”, anuncia a equipa do Zoológico de San Diego.
Dados os resultados positivos, o Jardim Zoológico de San Diego vai compartilhar as suas descobertas com outros cientistas de forma a contribuir para uma melhor compreensão do impacto do novo coronavírus nos primatas, nomeadamente nos gorilas.
Os veterinários deste parque estão a preparar-se para administrar nos animais a vacina contra a Covid-19 destinada especificamente a animais. Os gorilas não serão vacinados por enquanto, uma vez que estiveram expostos ao vírus, mas a equipa veterinária procura vacinar outros animais suscetíveis à infeção, como os felinos.
Os casos de infeção por Covid-19 nestes oito gorilas são os primeiros conhecidos entre estes primatas até ao momento, o que está a preocupar os especialistas, dado que os gorilas são uma espécie em vias de extinção.
Os gorilas são a sétima espécie de animais a contrair a Covid-19 por infeção natural desde o início da pandemia, após casos confirmados em tigres, leões, visons, leopardos, cães e gatos domésticos.
Segundo a National Geographic, embora existam casos confirmados de transmissão do vírus de visons para humanos, não há evidências de que as outras espécies possam transferir a infeção para o ser humano, nomeadamente animais de companhia.
Em novembro, a deteção de uma mutação do novo coronavírus que afetou humanos levou a Dinamarca a abater milhões de visons.