EUA enviam à Ucrânia milhares de armas e munições apreendidas ao Irão

por Joana Raposo Santos - RTP
A Marinha norte-americana apreendeu no último ano milhares de armas iranianas de navios com destino ao Iémen. Brendan Smialowski - Pool via Reuters

Os Estados Unidos vão transferir milhares de armas iranianas e vários lotes de munições apreendidas para a Ucrânia. A decisão, anunciada esta quarta-feira, deverá ajudar a aliviar as faltas destes equipamentos entre as forças militares de Kiev, apesar de não responder aos seus pedidos de armas de longo alcance e sistemas de defesa aérea.

Segundo o Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), responsável pelas relações militares com outras nações, na segunda-feira foram já transferidas mais de um milhão de munições iranianas apreendidas para a Ucrânia.

“O Governo obteve estas munições em 20 de julho de 2023 através de ações de apreensão do Departamento de Justiça contra o Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica do Irão”, indicou a entidade em comunicado.

Em julho, o Departamento de Justiça dos EUA tinha anunciado que pretendia confiscar “mais de 9.000 espingardas, 284 metralhadoras, aproximadamente 194 lançadores de rockets, mais de 70 mísseis antitanque e mais de 700.000 munições” apreendidos ao Irão pela Marinha dos EUA.

Essas munições “foram originalmente apreendidas pelas forças navais Comando Central dos Estados Unidos quando se encontravam a bordo do navio MARWAN 1 a 9 de dezembro de 2022”, a partir de onde iam ser transferidas para o movimento Houthi no Iémen, “numa clara violação da Resolução 2216 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

O episódio não foi inédito. A Marinha norte-americana apreendeu no último ano milhares de armas iranianas de navios com destino ao Iémen. A meio de janeiro, os Estados Unidos apoiaram França na apreensão de 3.000 armas e 23 mísseis que tinham o Iémen como destino.Há vários meses que a Administração Biden procurava uma forma de enviar legalmente para a Ucrânia as armas apreendidas, até agora armazenadas nas instalações do CENTCOM no Médio Oriente.

“No final de contas, a Ucrânia precisa de fornecimentos de armas para apoiar o seu esforço de guerra. E apesar de [o envio de armas iranianas] não ser uma solução para todas as necessidades militares da Ucrânia, pode fornecer um apoio crítico”, explicou à CNN Internacional Jonathan Lord, diretor do programa de segurança para o Médio Oriente no Centro para uma Nova Segurança Americana.

O especialista lembrou que, desde o início da guerra, drones iranianos têm sido usados pelos militares russos para “atacar e assassinar civis ucranianos”, pelo que há agora “uma justiça poética no facto de a Ucrânia usar armas iranianas apreendidas para defender o seu povo contra a invasão e abusos russos”. Sistemas de defesa aérea entre EUA e Ucrânia com resultados em breve
Entretanto, a Ucrânia disse esta quarta-feira esperar até ao final deste ano os primeiros “resultados” da produção conjunta de sistemas de defesa aérea com os Estados Unidos.

Oleksandr Kamyshin, ministro das Indústrias Estratégicas, disse numa entrevista a um órgão de comunicação ucraniano que os dois países começaram a trabalhar na produção conjunta após a visita de uma delegação ucraniana a Washington no mês passado.

"Durante a nossa visita aos Estados Unidos, recebemos não apenas mais uma garantia de apoio financeiro e militar contínuo, mas também uma vontade de trabalhar na produção conjunta de sistemas de defesa aérea", avançou Kamyshin.

O responsável indicou que os primeiros resultados da produção conjunta serão visíveis até ao final de 2023, sem especificar se o primeiro sistema construído em conjunto estará pronto até lá.

c/ agências
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