EUA e Reino Unido realizam novos ataques contra posições dos rebeldes Houthis no Iémen
As forças norte-americanas e britânicas confirmaram na noite de segunda-feira que realizaram novos ataques contra os Houthis no Iémen. Os ataques, que visaram oito posições dos rebeldes, tiveram como objetivo "perturbar e degradar as capacidades dos Houthis".
Sob a direcção dos respectivos governos e com o apoio da Austrália, do Bahrein, do Canadá e dos Países Baixos, a operação desta segunda-feira visou oito alvos e enquadra-se na resposta aos ataques contínuos dos Houthis à navegação internacional e comercial e a navios de guerra que transitam no Mar Vermelho.
"Os ataques de hoje visaram especificamente um local de armazenamento subterrâneo dos Huthis e locais de mísseis e vigilância aérea dos Huthis", explicaram as forças de Washington e Reino Unido em comunicado conjunto.
O Ministério da Defesa do Reino Unido explicou que "estes ataques de precisão têm como objetivo perturbar e degradar as capacidades que os Houthis usam para ameaçar o comércio global e as vidas de marinheiros inocentes".
"O nosso objectivo é sempre reduzir as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho”, acrescentam no comunicado.
O Ministério da Defesa britânico concretiza que foram usados aviões da Força Aérea Real e bombas guiadas de precisão para atingir múltiplos alvos em dois locais militares nas proximidades do campo de aviação de Sanaa. O governo britânico acrescenta que o ataque foi levado a cabo após uma análise e planeamento rigorosos para minimizar qualquer risco de vítimas civis.
O ministro britânico da Defesa, Grant Shapps, disse em comunicado que os ataques foram realizados em "legítima defesa". "Esta acção irá desferir mais um golpe nos seus stocks limitados e na sua capacidade de ameaçar o comércio global", disse Shapps.
O Ministério britânico da Defesa revelou ainda que quatro caças Typhoon tinham participado nos ataques destinados a "minar" as capacidades militares dos Houthis, apoiados pelo Irão.
Na sua segunda operação conjunta desde o início de janeiro, os exércitos americano e britânico realizaram ataques para "enfraquecer o arsenal que os Houthis utilizam para pôr em perigo o comércio mundial e a vida de marinheiros inocentes".
Os alvos incluíram “sistemas de mísseis e lançadores, sistemas de defesa aérea, radares e instalações de armazenamento de armas profundamente enterradas", revelou o Comando Militar dos EUA para o Médio Oriente (Centcom) no X (antigo Twitter).
U.S. Forces, Allies Conduct Joint Strikes in Yemen
— U.S. Central Command (@CENTCOM) January 22, 2024
As part of ongoing international efforts to respond to increased Houthi destabilizing and illegal activities in the region, on Jan. 22 at approximately 11:59 p.m. (Sanaa / Yemen time), U.S. Central Command forces alongside UK… pic.twitter.com/BQwEKZqMAo
Esta terça-feira, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros afirmou que o país vai “continuar a reduzir” a capacidade dos Houthis para efetuar ataques no Mar vermelho.
Cameron frisa que não se deve aceitar a narrativa dos Houthis de que os ataques estão relacionados com o conflito em Gaza, uma posição que o governo do Iémen também não aceita.
O governante britânico acrescenta que os Houthis estão a atacar indiscriminadamente a navegação no Mar Vermelho e a tentar fechar uma via marítima vital.
O porta voz dos houthis já reagiu a estes ataques aéreos dos Estados Unidos e do Reino Unido, afirmando que "acentuam a determinação do povo iemenita em cumprir as suas responsabilidades morais e humanitárias para com os oprimidos de Gaza".
Antes desta confirmação oficial, a agência de notícias dos rebeldes Houthis já tinha denunciado novos ataques desta coligação Ocidental.
"As forças anglo-americanas estão a lançar ataques à capital Saná e a várias províncias" do país, adiantou a Saba, num breve comunicado citado pela agência France-Presse (AFP).
Segundo o canal Houthis, al-Masirah, quatro ataques tiveram como alvo a base militar Al-Dailami, localizada a norte da capital Saná, sob controlo rebelde.
Os rebeldes Houthi controlam uma grande parte do Iémen, após quase uma década de guerra contra as forças do governo apoiado pela Arábia Saudita.
Os Houthis, que afirmam apoiar a população de Gaza, totalmente sitiada por Israel e a braços com uma catástrofe humanitária, tinham reivindicado na segunda-feira a responsabilidade por um ataque a um navio militar norte-americano.
Os Houthis, um movimento próximo do Irão e que apoia o Hamas palestiniano no seu conflito contra Israel, assumiram esta segunda-feira a responsabilidade por um ataque contra um navio militar norte-americano ao largo da costa do Iémen.
As forças Houthis "realizaram uma operação militar visando o cargueiro militar americano Ocean Jazz no Golfo de Aden (...) utilizando mísseis", referiu o porta-voz militar do movimento, Yahya Saree.
Desde meados de novembro, os Houthis têm disparado numerosos mísseis e drones contra navios que acreditam estar ligados a Israel.
Questionado pela AFP, fonte do Departamento de Defesa norte-americano afirmou "não ter visto nada parecido" e descreveu a informação como falsa.
Desde meados de novembro que os Houthis dispararam numerosos mísseis e `drones` contra navios que consideram ligados a Israel, alegando assim agir em solidariedade com os palestinianos na Faixa de Gaza.
Estes ataques perturbaram o tráfego nesta área marítima fundamental para o comércio mundial e levaram os Estados Unidos a atacar repetidamente posições Houthis. Washington voltou mesmo a colocar este movimento na sua lista de entidades terroristas.
Os rebeldes repetiram segunda-feira que vão continuar a "impedir que os navios israelitas" cruzem o mar Vermelho e o golfo de Aden até ao fim da guerra em Gaza, e a "responder a qualquer ataque" contra o Iémen.
O país mais pobre da Península Arábica, mas situado numa zona estratégica para o comércio marítimo, o Iémen gozava de uma relativa calma, apesar de uma das piores crises humanitárias do mundo.
c/agências