EUA dizem que sufrágio iraniano não foi livre nem justo

por Lusa

Os Estados Unidos criticaram hoje as eleições presidenciais iranianas, que terminaram com a vitória de Masoud Pezeshkian, ao considerar que não foram livres ou justas e que não deverão alterar a posição do Irão relativamente aos direitos humanos.

Em resposta a uma pergunta da Associated Press, o Departamento de Estado disse que continuaria a usar a diplomacia com Teerão "quando isso promover os interesses americanos".

"As eleições no Irão não foram livres nem justas. Como resultado, um número significativo de iranianos optou por não participar de todo", afirmou o Departamento de Estado, acrescentando: "Não temos qualquer expetativa de que estas eleições conduzam a uma mudança fundamental na orientação do Irão ou a um maior respeito pelos direitos humanos dos seus cidadãos. Como os próprios candidatos afirmaram, a política iraniana é definida pelo líder supremo".

O Departamento de Estado adiantou também que as eleições iranianas "não terão um impacto significativo" na abordagem ao Irão, assegurando que as preocupações sobre o comportamento do regime de Teerão "se mantêm inalteradas".

Entretanto, hoje, o Presidente eleito do Irão, Masoud Pezeshkian, prometeu "servir todos os iranianos" num discurso de vitória realizado junto ao mausoléu do falecido ayatollah Ruhollah Khomeini, o líder da Revolução Islâmica de 1979.

"Nestas eleições, não vos fiz falsas promessas. Não menti", disse o cirurgião cardíaco. "Há muitos anos, após a revolução, que subimos ao pódio, fazemos promessas e não as cumprimos. Este é o maior problema que temos".

Pezeshkian, candidato reformista, derrotou o antigo negociador nuclear Saeed Jaili na segunda volta das eleições de sexta-feira. Na sua campanha, Pezeshkian não prometeu mudanças radicais na teocracia xiita do Irão e considera o líder supremo, Ayatollah Ali Khamenei, o árbitro final de todas as questões de Estado no país.

A contagem dos votos efectuada pelas autoridades coloca Pezeshkian como vencedor com 16,3 milhões de votos contra 13,5 milhões de Jalili nas eleições de sexta-feira. De acordo com o Ministério do Interior iraniano, 30 milhões de pessoas votaram numa eleição realizada sem a presença de observadores reconhecidos internacionalmente.

Pezeshkian obteve 53,6% dos votos contra o ultraconservador Saeed Jalili, com 44,3%, numa eleição com uma taxa de participação de 49,9%, segundo a Comissão Eleitoral iraniana.

O deputado Pezeshkian, de 69 anos e cirurgião cardíaco, substituirá Ebrahim Raisi, que morreu num acidente de helicóptero em maio.

A primeira volta das eleições, em 28 de junho, registou a taxa de participação mais baixa da história da República Islâmica desde a Revolução Islâmica de 1979.

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