EUA dizem que é "totalmente irresponsável" Rússia ameaçar uso de armas nucleares
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, descreveu hoje como "totalmente irresponsáveis" as ameaças do Presidente russo, Vladimir Putin, de usar armas nucleares no caso de ataques aéreos contra a Rússia.
"É totalmente irresponsável. E acho que muitas pessoas em todo o mundo deixaram isso claro quando ele colocou a ameaça de recurso a armas nucleares, incluindo a China", disse Blinken durante um programa de televisão no canal MSNBC.
Vladimir Putin alertou na quarta-feira que o seu país poderia usar armas nucleares no caso de um "lançamento massivo" de ataques aéreos e que qualquer ataque apoiado por uma potência nuclear poderia ser considerado uma "agressão conjunta".
"Fazer isso agora, quando o mundo está reunido em Nova Iorque, inclusivamente para falar sobre a necessidade de maior desarmamento e maior não-proliferação, será muito mal recebido em todo o mundo", argumentou Blinken, à margem do debate da Assembleia Geral da ONU.
Na sua intervenção na Assembleia Geral, o secretário-geral da ONU, António Guterres, referiu-se aos riscos de fazer ameaças com armas nucleares.
"Nunca, desde os piores momentos da Guerra Fria, o espetro das armas nucleares lançou tanta sombra", disse Guterres, acrescentando que, "apesar dos riscos enormes e existenciais que estas armas representam para a humanidade, não estamos mais perto de vê-las desaparecer do que estávamos há dez anos".
O chefe da ONU apelou aos países que possuem armas nucleares para que honrem os seus compromissos e respeitem as suas obrigações de desarmamento.
"Até que as armas nucleares sejam eliminadas, estes países devem comprometer-se a nunca as utilizar, sejam quais forem as circunstâncias", disse Guterres.
Em fevereiro de 2023, Vladimir Putin anunciou que a Rússia iria suspender a sua participação no acordo New Start sobre o desarmamento nuclear e ameaçou realizar novos testes nucleares se os Estados Unidos os fizessem primeiro.
Assinado em 2010, o tratado New Start é o último acordo bilateral do género que liga as duas potências.
"Os Estados Unidos continuam dispostos a iniciar um diálogo construtivo com a Rússia sobre o controlo bilateral de armas, bem como com a República Popular da China, sobre formas concretas de reduzir as armas nucleares", disse hoje Mallory Stewart, vice-secretário de Estado norte-americano, numa intervenção no Conselho de Segurança da ONU.
Além da Rússia, dos Estados Unidos, da França, do Reino Unido e da China, que estão oficialmente equipados com armas nucleares, a Coreia do Norte, a Índia, Israel e o Paquistão estão oficiosamente, enquanto o Irão é suspeito de querer tê-las.