EUA "determinados" a travar Estado Islâmico e evitar "fragmentação" do país

por Lusa

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou hoje que os Estados Unidos estão "determinados" em impedir que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) se reconstitua na Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad.

"O EI vai tentar aproveitar este período para restabelecer as suas capacidades e criar santuários. Os nossos ataques de precisão deste fim de semana mostram que estamos determinados a impedir que isso aconteça", disse Blinken numa cerimónia no Departamento de Estado.

O secretário de Estado disse repetidamente que os Estados Unidos (EUA) têm "interesses claros" na Síria, referindo-se aos comentários do Presidente eleito Donald Trump de que os EUA não se devem "envolver" na situação no país do Médio Oriente.

"Temos um interesse claro em fazer o que pudermos para evitar a fragmentação da Síria, a migração em massa a partir da Síria e, claro, a exportação do terrorismo e do extremismo", disse o chefe da diplomacia norte-americana.

Os Estados Unidos têm também um "grande interesse em garantir que as armas de destruição maciça ou os seus componentes que permanecem na Síria não caiam nas mãos erradas", acrescentou Blinken.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou no fim-de-semana que a prioridade imediata de Washington é prevenir o ressurgimento do EI, que em 2014 chegou a controlar vastas zonas da Síria e do Iraque, onde proclamou um "califado".

Com esse objetivo, forças norte-americanas realizaram no domingo uma dezena de ataques aéreos no centro da Síria e atingiram 75 alvos vinculados ao grupo terrorista, segundo o Pentágono.

Os Estados Unidos têm 900 soldados destacados na Síria, que permanecerão na região como parte da coligação internacional contra o EI para evitar que o grupo `jihadista` aproveite a conjuntura para se reorganizar.

Também hoje, o secretário de Defesa Lloyd Austin advertiu que o EI pode tentar aproveitar o colapso do Governo de Bashar al-Assad para se reorganizar.

"Existe o potencial de que elementos na área, como o EI, tentem aproveitar esta oportunidade e recuperar capacidades", disse Austin em declarações no Japão, a bordo do navio USS George Washington.

Austin também se mostrou "surpreendido" que "as forças de oposição tenham avançado tão rápido como o fizeram".

"Acredito que todos esperavam ver uma resistência muito mais firme por parte das forças de al-Assad", assegurou.

Os rebeldes declararam a 08 de dezembro Damasco `livre` do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.

Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia.

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.

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