EUA consideram novo míssil balístico iraniano ameaça grave à segurança mundial

por Graça Andrade Ramos - RTP
O novo míssil balístico iraniano tem um alcance de 2.000 km e recebeu o nome Kheibar Reuters/WANA

Teerão diz ter testado com sucesso um novo modelo de míssil balístico, capaz de transportar uma ogiva de 1.500 quilos e com um raio de alcance de até 2.000 quilómetros, o que inclui Israel e bases militares norte-americanas no Médio Oriente. Os Estados Unidos dizem que a nova arma iraniana põe em causa a segurança na região e internacional, admitindo impor mais sanções.

O anúncio dos testes foi feito pela televisão oficial iraniana, que transmitiu quinta-feira alguns segundos de imagens do lançamento do novo modelo, afirmando que este é uma versão melhorada do míssil balístico iraniano Khoramshahr 4.

"A nossa mensagem para os inimigos do Irão é a de que iremos defender o país e as suas conquistas. A nossa mensagem aos nossos amigos é a de que queremos contribuir para a estabilidade regional", comentou o ministro de Defesa do Irão, Mohammadreza Ashtiani.

Em evidente provocação a Israel, Teerão crismou o novo míssil como Kheibar, uma referência a um castelo judeu arrasado por guerreiros muçulmanos nos primeiros anos do Islão.

"As capacidades espantosas do míssil Kheibar de produção nacional incluem a  rapidez de prontidão e de lançamento, que faz dele uma arma tática além de estratégica", frisou a agência iraniana de notícias, IRNA.
Ameaça à segurança

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, reagiu em conferência de imprensa às novas capacidades militares de Teerão, afirmando que "o desenvolvimento e fabrico de mísseis balísticos por parte do Irão é uma ameaça grave à segurança regional e internacional e significa um desafio importante à não proliferação".

O porta-voz norte-americano lembrou ainda que o programa iraniano de mísseis, um dos maiores do Médio Oriente, continua a desafiar resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que proíbem a aquisição de tecnologia de mísseis a fornecedores externos e a realização de testes com mísseis.

Washington irá continuar a recorrer a instrumentos para tentar bloquear os esforços iranianos, incluindo sanções, afiançou Miller.

Com o acordo internacional sobre o Programa Nuclear iraniano a marcar passo desde setembro de 2022, crescem os receios de que Teerão consiga desenvolver em breve bombas atómicas que poderá enviar a longas distâncias com estes novos projéteis.

A aquisição de armas atómicas pelo regime teocrático iraniano iria desequilibrar o jogo de forças e de influências políticas na região. O Irão garante que o seu programa nuclear tem fins pacíficos.
Israel promete "agir"

Terça-feira, o comandante das Forças Armadas de Israel admitiu a possibilidade de "agir" contra o Irão devido à falta de avanços na retoma do acordo sobre o programa nuclear iraniano firmado em 2015 e abandonado em 2018 pelo então Presidente norte-americano, Donald Trump.

Israel é acusado de possuir armas nucleares, sem que tal tenha sido alguma vez confirmado ou desmentido oficialmente. O país não subscreveu o Tratado de Não Proliferação Nuclear, mas diz apoiar a criação de uma zona no Médio Oriente livre de armas de destruição em massa.

O Irão é aliado da Rússia, do Iraque e da Síria e prometeu destruir Israel. Quer por isso diminuir a influência norte-americana no Médio Oriente enquanto principal aliado de Jerusalém.

Recentemente registaram-se avanços diplomáticos de aproximação do Irão às monarquias islâmicas do Golfo Pérsico, incluindo a Arábia Saudita, e à China.

O programa de mísseis balísticos do Irão preocupa o Ocidente e seus aliados no Médio Oriente, embora as autoridades de Teerão afirmem que aquele apenas tem uma função defensiva e dissuasora.

Jerusalém sente-se "ameaçada na sua sobrevivência" por Teerão e denuncia amiúde as intenções nucleares iranianas enquanto tenta estreitar laços económicos, diplomáticos e militares com os seus vizinhos muçulmanos árabes, contra o Irão.

Os militares israelitas ainda não reagiram às novas capacidades iranianas.
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