EUA condenam ataques iranianos no Iraque, Síria e Paquistão

por Lusa

Os Estados Unidos condenaram hoje os recentes ataques do Irão no Iraque, Síria e Paquistão, onde Teerão afirmou estar a atuar contra "grupos terroristas anti-iranianos".

"Condenamos esses ataques", declarou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, argumentando que o Irão "violou nos últimos dias as fronteiras soberanas dos seus vizinhos".

O Paquistão acusou hoje Teerão de um ataque aéreo ao seu território que matou duas crianças, após `raids` semelhantes efetuados no Iraque e na Síria pelo Irão, contra o que classificou como "grupos terroristas anti-iranianos".

Islamabad considerou "totalmente inaceitável" e injustificado o ataque, ocorrido na terça-feira à noite perto da fronteira entre os dois países.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, insistiu que as Forças Armadas da República Islâmica tinham tomado como alvo o "grupo terrorista iraniano" Jaish al-Adl no Paquistão.

Na terça-feira, o Irão procedeu ao lançamento de mísseis sobre o que afirmou serem quartéis-generais de "espiões" e de alvos "terroristas" na Síria e no Curdistão iraquiano autónomo.

Tais ataques iranianos ocorrem numa altura em que o Médio Oriente é abalado pela guerra que opõe Israel -- militarmente apoiado por Washington -- ao movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza e pelos ataques dos rebeldes iemenitas Huthis, apoiados pelo Irão, a navios mercantes no mar Vermelho.

Questionado sobre esta questão na sua conferência de imprensa diária, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, condenou igualmente o facto de o Irão "afirmar que tem de tomar estas medidas para combater o terrorismo", quando Teerão é "o principal financiador do terrorismo na região, o principal financiador da instabilidade na região".

Nas últimas semanas, os Estados Unidos realizaram os seus próprios ataques contra grupos pró-iranianos no Iraque e, nos últimos dias, contra os Huthis no Iémen, afirmando estar a agir com total legitimidade.

Na segunda-feira, o Irão afirmou ter efetuado ataques com mísseis a alvos ligados ao grupo `jihadista` Estado Islâmico (EI) e a "espiões do regime sionista (Israel)" na Síria e no Iraque, onde atingiu uma área perto do consulado dos Estados Unidos, no Curdistão iraquiano.

Os bombardeamentos da Guarda Revolucionária iraniana à capital da região autónoma do Curdistão iraquiano, Erbil, que fizeram pelo menos quatro mortos, foram também condenados pela ONU, cuja Missão de Assistência para o Iraque (UNAMI) reagiu publicando uma mensagem na rede social X (antigo Twitter).

"Condenamos fortemente o ataque iraniano contra locais em Erbil (...), na região do Curdistão iraquiano, que causou vítimas civis", escreveu a UNAMI.

"Os ataques, de qualquer lado, que violem a soberania e a integridade do Iraque devem acabar. As preocupações de segurança devem ser abordadas através do diálogo e não de bombardeamentos", defendeu a UNAMI na mensagem.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano convocou na terça-feira o seu embaixador em Teerão, Nassir Abdel Mohsen, "para consultas", após os bombardeamentos.

O embaixador iraquiano foi "convocado para consultas no contexto dos últimos ataques iranianos a Erbil, que deixaram mártires e feridos", lê-se num comunicado da diplomacia do Iraque, grande aliado político e parceiro económico estratégico do Irão.

O MNE iraquiano também convocou o encarregado de negócios iraniano em Bagdad para lhe entregar uma "carta de protesto" na sequência dos bombardeamentos do Curdistão autónomo.

Na carta entregue ao encarregado de negócios, Abol Fadl Azizi, o Iraque "condena a agressão levada a cabo contra vários setores de Erbil, que resultou em vítimas civis", segundo um comunicado diplomata iraquiano.

"A agressão é uma violação flagrante da soberania iraquiana, que viola (...) o direito internacional e ameaça a segurança da região", lê-se na nota.

As autoridades iraquianas indicaram igualmente que "vão tomar todas as medidas legais" necessárias, incluindo "uma queixa junto do Conselho de Segurança" da ONU, na sequência destes ataques, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque.

A diplomacia iraquiana anunciou também a formação de uma comissão de inquérito para provar "à opinião pública iraquiana e internacional a falsidade das alegações dos responsáveis por estes atos condenáveis".

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