EUA. Candidatos à Casa Branca são alvos de espionagem informática por hackers estrangeiros

por RTP
Jonathan Ernst - Reuters

A Microsoft revelou, na quinta-feira, que hackers ligados à Rússia, China e Irão tentaram espiar pessoas e organizações ligadas aos candidatos da eleições presidenciais dos Estados Unidos. A gigante tecnológica afirma ter detetado e impedido 200 ataques ligados a grupos de piratas informáticos russos contra equipas das campanhas e consultores políticos.

O mesmo serviço militar de informações russo que pirateou os democratas em 2016 renovou os ataques vigorosos a alvos relacionados com as próximas eleições presidenciais nos EUA, declarou um dirigente da Microsoft na quinta-feira. As tentativas de pirataria incidiram sobre mais de 200 organizações e pessoas ligadas às campanhas de Donald Trump e Joe Biden.

Mas desta vez, a China também está envolvida nos ataques informáticos a "figuras políticas" ligadas à campanha do candidato democrata à presidência, Joe Biden, e uma pessoa "anteriormente associada" à administração Trump, esclarece a Microsoft. Além disso, foi detetada também a interferência de agentes do Irão em contas de pessoas associadas à campanha do presidente Donald Trump.

"Nas últimas semanas, a Microsoft detetou ciberataques direcionados a pessoas e organizações envolvidas nas próximas eleições presidenciais, incluindo ataques fracassados a pessoas associadas às campanhas de Trump e Biden", escreveu num comunicado Tom Burt, vice-presidente da Microsoft.

As tentativas de espionagem mostram melhorias nos esforços de interferir com as principais forças políticas dos EUA.

"A atividade que estamos a denunciar hoje deixa claro que os grupos de atividades estrangeiras intensificaram os seus esforços visando as eleições de 2020 como já tinha sido previsto", acrescenta a Microsoft. "O que temos visto é consistente com padrões de ataques anteriores, que visam não apenas candidatos e membros das suas campanhas, mas também quem é consultado em questões-chave".

Os ataques tinham como alvo assessores e consultores, tanto de políticos republicanos como democratas, mas também organizações nacionais de ambos os partidos, assim como alguns partidos do Reino Unido.

Muitas das tentativas de pirataria, feitas por agentes russos, chineses e iranianos, foram anuladas pelos programas informáticos de segurança da Microsoft e os alvos dos ataques avisados, assegurou Burt.

"Defendemos e vamos continuar a defender a nossa democracia contra estes ataques através de notificações de tais atividades aos clientes afetados", lê-se ainda no comunicado.

A gigante tecnológica refere ainda que o grupo acusado de violar os e-mails da campanha de Hillary Clinton, em 2016 – uma unidade ligada aos serviços secretos militares russos amplamente conhecida como "Fancy Bear" – tinha passado o ano passado a tentar invadir contas pertencentes a consultores políticos que servem tanto republicanos como democratas, assim como organizações associadas.

Segundo o comunicado, esforço chinês para comprometer a campanha de Joe Biden e a espionagem iraniana contra a campanha de Donald Trump não tiveram sucesso, não ficou esclarecido se o mesmo aconteceu com a campanha de hacking da Rússia ou o esforço para comprometer o antigo associado de Trump.
Quem são estes hackers?

A Microsoft apontou três organizações responsáveis por estes ataques informáticos: o grupo russo Strontium, o chinês Zirconium e o Phosphorus do Irão.

O grupo Strontium, que opera a partir da Rússia, atacou mais de 200 organizações, "incluindo campanhas políticas, partidos e consultores políticos", explica Tom Burt. Este grupo foi identificado no relatório Mueller como sendo a principal organização responsável pelos ataques à campanha presidencial da democrata Hillary Clinton, em 2016.

Já o Zirconium, com base na China, "atacou indivíduos de alto perfil associados às eleições, incluindo pessoas ligadas à campanha de Joe Biden" e personalidades internacionais.

O grupo Phosphorus, sediado no Irão, tentou invadir sem sucesso contas pessoais de pessoas associadas à campanha de Donald Trump, refere ainda o comunicado.

"A maioria destes ataques foi detetada e interrompida por ferramentas de segurança integradas nos nossos produtos", afirmou Burt.

A Microsoft não especificou qual o país estrangeiro que constitui o maior perigo para a integridade da eleição presidencial de novembro nos EUA. Mas o consenso entre analistas de cibersegurança é o de que a maior ameaça vem dos piratas russos.

"Este é o mesmo ator de 2016, que está a ter um comportamento ‘business as usual’", afirmou à Reuters John Hultquist, diretor de análise de informações na empresa de cibersegurança FireEye.

"Acreditamos que os serviços de informações militares russos continuam a representar a maior ameaça para o processo democrático", especificou.

O comunicado da Microsoft mostra que as informações militares russas continuam a seguir alvos relacionados com as eleições, indiferentes às acusações, sanções e outras contramedidas dos EUA, acentuou Hultquist.

Os russos interferiram na eleição presidencial de 2016, para procurarem beneficiar a campanha de Donald Trump, com ataques aos computadores da Comissão Nacional Democrata e o correio eletrónico de John Podesta, o diretor de campanha da então candidata democrata, Hillary Clinton, e a divulgação de material comprometedor na internet, concluiram investigações do Congresso e da política federal (FBI, na sigla em Inglês).
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